quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Da tradução - “Carta de uma desconhecida” por Stephen Zweig



Da tradução

SETEMBRO 23, 2015
Alguém andou a inventar. Compare-se o início das duas traduções:

«Quando o afamado romancista R. regressou de manhã cedo novamente a Viena após excursão reparadora às montanhas ao longo de três dias e uma vez na estação de comboios comprou um jornal, mal passou os olhos pela data apercebeu-se, pois lembrou-se, ser hoje o dia do seu aniversário. O quadragésimo primeiro, assim lhe veio logo à ideia; e nem se importou muito nem pouco com tal facto.Rapidamente passou, uma a seguir à outra, as folhas do jornal e ouviu-as quebrando-se; dirigiu-se em carro de aluguer na direcção de sua casa. O criado…» (Trad. Fernando Ribeiro, Ed. Esfera dos Livros)

«R…, o romancista da moda, regressava a Viena de manhã cedo, depois de uma excursão de três dias pela montanha. Comprou um jornal na estação: os seus olhos fixaram‑se na data, e lembrou‑se, de repente, que era a do seu aniversário. «Quarenta e um anos» — pensava ele; e isso não lhe causava alegria nem tristeza. Folheou, de passagem, as folhas rangentes do jornal; em seguida tomou um táxi e foi para  casa. O criado…» (Trad. Alice Ogando, Ed. Relógio D’Água)

E este livro, ou melhor, esta carta, é um nó no pescoço e no coração. Poucas vezes o filme (1) e o livro são igualmente maravilhosos.

(1) Letter from an Unknown Woman” (1948), Real.  Max Ophüls
Poucas vezes me acontece querer ler o livro depois de visto o filme. Mas, neste caso, fiquei muito curioso. Filmaço! O livro é de Stefan Zweig. (https://novaziodaonda.wordpress.com/2015/01/13/carta-de-uma-desconhecida/))

No Vazio da Onda | © MCS




Victor Nogueira PERMALINK
Setembro 24, 2015 15:39
“traduttori traditori” e poderá o tradutor “dar” melhor qualidade ao texto inicial, como Eça teria feito às “Minas de Salomão”. Mas neste caso prefiro, de longe, a versão de Alice Ogando.

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