Sócrates libertado quase ao fim de um ano, sem acusação mas com muitos, muitos indícios e, definitivamente, condenado pela populaça ao pelourinho, a arraia miúda e graúda que acorreu ao chamado do deus PAF e lá foi, cantando e rindo, levados, levados sim, entregar-lhes o voto porque o PS tem um ex-primeiro ministro preso e, de cada vez que governa, leva o País à falência para vir, depois, o PSD salvar a situação e livrar os portugueses, a ordem que se segue é puramente arbitrária, da fome, do desemprego, dos salários de merda e da merda de vida. Esse mesmo PS que sempre foi um partido altamente responsável mas que, dizem os endireitadores virando o bico ao prego com a cabeça ou com os cornos, mais uma vez a ordem é arbitrária, está desta feita a colocar o País na mão dos comunistas. Dos comunistas, vejam lá!, essas criaturas que nunca quiseram governar nem deixar governar, imobilistas e dogmáticos, estão a delapidar a sua longa tradição de partido de protesto para vir negociar com o PS. Que descaramento! Já não há honra! Já não há palavra! Já não há nada nem ninguém que se aproveite à esquerda do PSD, canhotos, trafulhas, trapaceiros esses do PS e mais quem os apoiar, que ora agora dizem uma coisa ora logo juram outra, matreiros, mentirosos, pulhas que o que querem é governar para repor os salários dos portugueses, atenuar a austeridade, tornar Portugal num país onde apeteça de novo viver, onde é que já se viu o despautério, a aleivosia, o atrevimento desta gente em vir escangalhar o trabalho de quatro anos de Passos e dos seus comparsas na reconstrução do País salazarento de outros tempos sem contratempos nem contras, que esses estavam no bom resguardo de calabouços e frigideiras.
E os jornalistas, senhores? E os comentadores? Cheios de justa raiva, falam, falam, falam, atiram-se ao Costa como gato à posta, invocam o cherne e as xaputas e as prostitutas e os chulecos da Nação, os anjos e arcanjos da direita beata, purificada com incensos e águas-bentas, purificadora de pátrias, consolação de cabrões, e de poltrões e de aldrabões e de banqueiros em aflição. Entrevistam Costa como se lhe fossem bater, peroram horas sem contraditório, asfixiam, envenenam, rebuscam argumentos que repetem, repetem, repetem sempre com palavrotas astutamente pensadas pelos think tank e marketeers dos partidos que eles, senhores jornaleiros e doutos opineiros, apoiam e aprovam, a direita direitona, a direita endireitada, a direita putíssima, a direita dos endireitas de Portugal e das províncias ultramarinas, que o terror por comunistas, rebeliões e revoluções faz evocar as glórias de outros tempos no linguajar dos escrevinhadores da situação, fachos empoleirados, intelectuais encadernados e a santa padralhada que agora está com Francisco, o Papa, mas que dantes estava com Francisco, o Franco. Mais o António e o Benito, que tudo isto é muito bonito mas dantes é que era lindo, de negro se vestiam os padres e se cobria o País.
Vivemos tempos de espanto. E de horror. Nunca tantos desceram tão baixo, tirando a máscara e mostrando as verdadeiras fuças, de assalariados contratados para papaguear o dono e incitar as massas à revolta, à ida à Alameda em salto alto e Chanel vociferar contra Costa, esse Cunhal disfarçado, esse esquerdista desalmado, esse "qué frô" despeitado.
Sempre que Portugal estiver em perigo, chamem os papagaios.
Resulta.
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