segunda-feira, 5 de outubro de 2015

um poema de Nazim Hikmet

Nazim Hikmet:

Ao partir, ficam-me coisas por acabar,
ao partir.
Salvei a gazela da mão do caçador
mas continuou desmaiada, sem recuperar os sentidos.
Colhi a laranja do ramo,
Mas não consegui tirar-lhe a casca.
Reuni-me com as estrelas,
mas não as consegui contar.
Tirei a água do poço
mas não pude servi-la nos copos.
Coloquei as rosas na bandeja,
mas não pude esculpir as taças de pedra.
Não saciei os meus amores.
Ao partir, ficam-me coisas por acabar,
ao partir.




Traduzido por Carlos Loures da versão castelhana de Fernando García Burillo dos "Últimos poemas 1959-1960-1961" 
(Ediciones del oriente y del mediterráneo -Madrid 2000)

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