* Joaquim Vassalo Abreu
MARCH 27, 2020
A noite (aqui onde vivo) faz-me lembrar as noites de quando era ainda adolescente na aldeia onde vivia! E havia (e há) uma palavra que a definia: Breu!
A diferença agora é que há mais luz, a dos candeeiros, que antes não havia!
Para se notar alguém que vinha só pela parca luz de um cigarro em sua boca ou pelo riscar do fósforo que o acendia!
Mas a escuridão agora é diferente, pois a hora para se descansar, que tinha a ver com o ritmo da luz natural, não se põe hoje, pela abundância da luz artificial outrora apenas reduzida a velas, candeeiros a petróleo ou querosene. A vida fazia-se apenas de dia e a noite era só para os vadios, dizia-se…
O acordar também é diferente do antes pois os regulamentos das horas isso permitem…
A gente levanta-se hoje cedo mas já com o sol se erguendo ou já levantado. Antes, de tão cedo deitar, as pessoas, para irem para as suas actividades de subsistência, levantavam-se ainda no breu! O ritmo é totalmente diferente daí que esta “escuridão” de falta de gente nas praças nem os candeeiros mitigam…
Razão pela qual, relembrando esses tempos antigos, eu conclua estes presentes tempos sombrios e anormais…
Na grande Praça à minha frente eu já vi um Mercado de ululante gente, a Esplanada do Torreão cheia de vida e o parque de automóveis que nela existe a abarrotar… e pessoas pacientemente esperando que alguém saísse!
Nestes negros tempos por que passamos mantêm-se os candeeiros mas dando a nítida ideia que a sua luz não é a mesma! É mais sombria pois lhes falta do ser humano a companhia. A das crianças correndo e brincando e segurando cães que, perante tanta abundância de relva e espaço, traquinamente as arrastavam…
A luz ficou mais escura de solidão…
https://aesquerdadozero.wordpress.com/2020/03/27/negro-como-o-breu/
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