quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Poesia de Florbela Espanca e de Mário Cesariny

Assunto: Poesia
Data: 15/Jun/2008 19:52
Para conheceres alguma da poesia que digo de cor...
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Se tu viesses ver-me...
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SE TU VIESSES VER-ME HOJE À TARDINHA,
A ESSA HORA DOS MÁGICOS CANSAÇOS,
QUANDO A NOITE DE MANSO SE AVIZINHA,
E ME PRENDESSES TODA NOS TEUS BRAÇOS...
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QUANDO ME LEMBRA: ESSE SABOR QUE TINHA
A TUA BOCA...O ECO DOS TEUS PASSOS...
O TEU RISO DE FONTE...OS TEUS ABRAÇOS...
OS TEUS BEIJOS...A TUA MÃO NA MINHA...
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SE TU VIESSES QUANDO, LINDA E LOUCA,
TRAÇA AS LINHAS DULCÍSSIMAS DUM BEIJO
E É DE SEDA VERMELHA E CANTA E RI
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E É COMO UM CRAVO AO SOL A MINHA BOCA...
QUANDO OS OLHOS SE ME CERRAM DE DESEJO...
E OS MEUS BRAÇOS SE ESTENDAM PARA TI...
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Florbela Espanca
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Faz-me um favor...
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Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.
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É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dos dias.
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Tu és melhor - muito melhor!
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.
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Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço também o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tão perto tão real
que o meu corpo se tranfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura.
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Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
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Mário Cesariny
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Enviado por Chicolateira
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