quinta-feira, 19 de abril de 2012

Hálito de Dante Alighieri


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Terra - granítica, areada, arenosa,
da mais fina à mais rochosa,
chama-me para o teu útero que o sei quente,
e eu, sem retenções, me darei a ti, completa -
em bandeja de prata -, em dádiva e oferta…
para que me sirvas à tua lauta mesa de larvas!

Chama por mim!

Chama, rumoreja o meu nome...
O substantivo da tua amada, da tua Fada,
secreta Rosa…
A que criaste,
a que cuidaste e que não colheste…

Chama,
clama o meu nome, num murmúrio eterno,
que to reconheço ...
Num afago agreste ...
Chama, por este nome que me deste,
“Rosa …”
Que o Sol já me não esquenta ...
O ar afilado e lancinante
me corta a tez espessada
no talhe da pedra-pomes sob o diamante;
Me devora, determinante e voraz, é guilhotina,
sobre a madrugada - gramagem fina de papel.
No corte do cinzel sobre pedra…

Que a lágrima em hecatombe, escorre, lavra,
cava rios e fossos (tão fundos e tão grossos) …

É vala infinda em torno
de uma fortificação rudimentar – o meu olhar –
prestes a desabar, no verde e imaturo Mar.
E que de fogo, se ateia e me incendeia o corpo,
em forma de um vastíssimo Vulcão ...
Que se não rende
Que se não extingue
Que se não aniquila, e que neste quente
hálito Dionisiaco de Dante,
de uma andorinha migrante, se afirma
(e me domina) nesta determinação insana
de me inflamar nos corais do meu olhar.

(E de abrasar os toscos caminhos
por onde sei que irás passar.)

E que alienado, determinado se incendeia,
sem motivo ou razão,
a cada grão, no negro do vazio do teu lugar .


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Dante Alighieri

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