sexta-feira, 20 de abril de 2012

Um poema de Al Berto


AL BERTO, in SALSUGEM (1978/83), in O MEDO ( Assírio & Alvim, 1997)


[PERNOITAS EM MIM]

pernoitas em mim
e se por acaso te toco a memória...amas
ou finges morrer



pressinto o aroma luminoso dos fogos
escuto o rumor da terra molhada
a fala queimada das estrelas



é noite ainda
o corpo ausente instala-se vagarosamente
envelheço com a nómada solidão das aves



já não possuo a brancura oculta das palavras
e nenhum lume irrompe para beberes



*

Imagem: Fotografia do autor

*

(LT)

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