terça-feira, 3 de janeiro de 2017

POEMA (SONETO) DE MANUEL ALEGRE, DEDICADO A ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA

* Manuel Alegre


Não era só a voz o som a oitava
que ele queria sempre mais acima
nem sequer a palavra que nos dava
restituída ao tom de cada rima.

Era a tristeza dentro da alegria
era um fundo de festa na amargura
e a quase insuportável nostalgia
que trazia por dentro da ternura.

O corpo grande e a alma de menino
trazia no olhar aquele assombro
de quem quer caber e não cabia.

Os pés fora do berço e do destino
alguém o viu partir de viola ao ombro.
Era Outubro em Avintes. E chovia

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