Alemanha | 28.08.2010 DW World
Antes mesmo de seu lançamento, programado para a próxima segunda-feira (30/08), o livro de Thilo Sarrazin vem provocando ondas de indignação. Com o título Deutschland schafft sich ab: Wie wir unser Land aufs Spiel setzen (A Alemanha se extingue a si mesma: Como estamos colocando em risco o nosso país), o membro do conselho executivo do Bundesbank (Banco Central alemão) redigiu o que o jornal online FAZ.net define como "um dossiê antimuçulmano".
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Livro acusa muçulmanos de tornar 'mais burra' a sociedade alemã
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Entre tantas outras generalizações, Sarrazin acusa os membros da comunidade islâmica de se terem se beneficiado muito mais da previdência social do país do que contribuíram para a mesma.
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Além disso, correligionários social-democratas e a imprensa alemã consideram inequivocamente racista sua afirmação de que a sociedade alemã estaria "emburrecendo" pelo fato de os muçulmanos gerarem mais filhos do que a população "nativa".
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"Na Alemanha, um exército de encarregados de imigração, especialistas em estudos islâmicos, sociólogos, politólogos, representantes de associações trabalha de mãos dadas com uma horda de políticos ingênuos, na minimização, auto-ilusão e na negação de problemas", escreve Sarrazin, acrescentando que a política estatal de migração da Europa tem sido "predominantemente anti-histórica, ingênua e oportunista". Acima de tudo, ele diz querer evitar que os alemães se tornem estranhos em sua própria terra.
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O periódico popular Bild antecipou o lançamento de Deutschland schafft sich ab publicando trechos seletos do livro, em seis capítulos. Notório por suas opiniões reacionárias, desde junho último o ex-secretário de Finanças de Berlim vinha ocupando as manchetes alemãs com observações anti-islâmicas. Entretanto, numa entrevista ao semanário Die Zeit, ele se exonerou de acusações de racismo: "Não sou racista. O livro aborda limites culturais, não étnicos".
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Déjà-vu... ou farsa?
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O presidente da Federação Turca da Alemanha, Kenan Kolat, exigiu neste sábado que a chefe de governo alemã, Angela Merkel, demova Sarrazin do cargo no Bundesbank. Kolat declarou que, com esse livro, ele haveria ultrapassado uma fronteira. "É o ápice de um novo racismo intelectual, e prejudica a imagem da Alemanha do exterior."
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Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Sigmar Gabriel, presidente do Partido Social Democrata (SPD)
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O Partido Verde e A Esquerda apoiam as exigências de Kolat. Os social-democratas (SPD), por sua vez, se distanciaram das afirmativas do correligionário Sarrazin. O chefe do partido, Sigmar Gabriel, classificou-as de "violentas", comentando: "Se os senhores me perguntarem por que [Sarrazin] ainda quer estar afiliado a nós, eu digo que não sei".
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Todo o atual episódio ganha um ar de déjà-vu, se não de farsa, quando se considera que, em outubro de 2009, Thilo Sarrazin, então vice-presidente do Bundesbank, causara acalorada polêmica ao distinguir, numa entrevista à revista de cultura Lettre International, entre os "bons" e "maus" imigrantes na sociedade da Alemanha. Entre suas afirmações na época constava a de que a maioria dos árabes e turcos de Berlim, por exemplo, não tem "nenhuma função produtiva, a não ser no comércio de frutas e verduras".
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Apesar de veementes exigências de punição, o social-democrata natural do Leste alemão foi apenas destituído de parte de suas funções no Banco Central.
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Autoria: Richard Connor / Augusto Valente
Revisão: Simone Lopes
Revisão: Simone Lopes
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