Caros cidadãos da Rússia, cidadãos de Donetsk e Lugansk, moradores das regiões de Zaporozhie e Kherson, deputados da Duma, senadores da Federação da Rússia!
Vocês sabem que
foram realizados referendos nas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, nas
regiões de Zaporozhie e Kherson. Seus desfechos foram oficializados, os
resultados são conhecidos. As pessoas fizeram sua escolha, uma escolha
inequívoca.
Hoje assinamos acordos de admissão à Rússia da
República Popular de Donetsk, da República Popular de Lugansk, da região de Zaporozhie
e da região de Kherson. Estou certo de que a Assembleia Federal apoiará as leis
constitucionais sobre a admissão e formação na Rússia de quatro novas regiões,
quatro novas entidades constituintes da Federação da Rússia, porque essa
é a vontade de milhões de pessoas.
E esse é o seu
direito, naturalmente, seu direito inalienável, que está consagrado no artigo
1º da Carta das Nações Unidas, que fala diretamente do princípio de igualdade
de direitos e da autodeterminação dos povos.
Repito: é um
direito inalienável do povo, baseia-se na unidade histórica, em nome da qual
gerações de nossos antepassados, aqueles que desde as origens da Rus Antiga, ao
longo dos séculos, construíram e defenderam a Rússia, venceram. Aqui, em
Novorossiya, lutaram [Pyotr] Rumyantsev, [Aleksandr] Suvorov e [Fyodor]
Ushakov, [a imperadora] Catarina II e [Grigory] Potemkin fundaram novas
cidades. Nesse lugar, durante a Grande Guerra pela Pátria [parte da Segunda
Guerra Mundial, compreendida entre 22 de junho de 1941 e 9 de maio de 1945 e
limitada às hostilidades entre a União Soviética e a Alemanha nazista e seus
aliados], nossos avós e bisavós ficaram para lutar até a morte.
Sempre nos
lembraremos dos heróis da "primavera russa", aqueles que não
aceitaram o golpe de Estado neonazista na Ucrânia em 2014, todos aqueles que
morreram pelo direito de falar sua língua nativa, preservar sua cultura,
tradições, fé, pelo direito de viver. Eles são os guerreiros de Donbass, os mártires do "Khatyn de Odessa", as vítimas dos
desumanos ataques terroristas do regime de Kiev. São voluntários e milicianos,
são civis, crianças, mulheres, idosos, russos, ucranianos, pessoas das
mais diversas nacionalidades. É o verdadeiro líder do povo de Donetsk
Aleksandr Zakharchenko, são os comandantes militares Arsen Pavlov e Vladimir
Zhoga, Olga Kochura e Aleksei Mozgovoi, é Sergei Gorenko, promotor da República
de Lugansk. É o paraquedista Nurmagomed Gadjimagomedov e todos os nossos
soldados e oficiais que tiveram mortes corajosas durante a operação militar
especial. Eles são heróis, heróis da grande Rússia. E, por favor, observem um
minuto de silêncio em sua memória.
Obrigado.
Por trás da
escolha de milhões de pessoas nas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk,
nas regiões de Zaporozhie e Kherson, está o nosso destino comum e uma história
de mil anos. As pessoas transmitiam esse vínculo espiritual a seus filhos e
netos. Apesar de todas as provações, eles carregaram seu amor pela Rússia ao
longo dos anos, e ninguém pode destruir esse sentimento em nós. É por isso que
as gerações mais velhas, aquelas que nasceram após a tragédia do colapso da
União Soviética, votaram pela nossa unidade, pelo nosso futuro comum.
Em 1991, na
floresta de Belovezhskaya Puscha, sem perguntar a vontade dos cidadãos comuns,
os representantes das elites partidárias de então tomaram a decisão de
desmoronar a URSS, e as pessoas se viram isoladas de sua pátria de um dia para
outro. Isso rasgou e dividiu nossa unidade nacional, se transformou em uma
catástrofe nacional. Tal como antes, após a revolução [de 1917], as fronteiras
das repúblicas soviéticas foram desenhadas nos bastidores, os últimos líderes
da União Soviética destruíram nosso grande país apesar da expressão
direta da vontade da maioria em um referendo em 1991, simplesmente
colocando as nações diante desse fato.
Admito que eles
nem entenderam completamente o que estavam fazendo, e que consequências isso traria inevitavelmente, mas isso já
não importa mais. A União Soviética não existe, o passado não pode ser trazido
de volta, e a Rússia, hoje, não precisa disso, nós não aspiramos a isso. Mas
não há nada mais forte do que a determinação de milhões de pessoas que por sua
cultura, fé, tradições e língua se consideram parte da Rússia, cujos ancestrais
por séculos viveram em um único Estado. Não há nada mais forte do que a
determinação dessas pessoas em regressar à sua verdadeira pátria histórica.
Durante oito
longos anos, as pessoas em Donbass foram submetidas a genocídio, bombardeios e
bloqueio, enquanto em Kherson e Zaporozhie tentaram inculcar criminalmente o
ódio à Rússia, a tudo o que era russo. Agora, já durante os referendos, o
regime de Kiev tem ameaçado com represálias e mortes os professores e as
mulheres que trabalhavam nas comissões eleitorais, intimidando milhões de
pessoas que vieram para expressar sua vontade. Mas o povo de Donbass,
Zaporozhie e Kherson resistiu e falou.
Quero que as
autoridades de Kiev e seus verdadeiros mestres no Ocidente me ouçam, e quero
que todos se lembrem disto: as pessoas que vivem em Lugansk e Donetsk, Kherson
e Zaporozhie tornam-se nossos cidadãos para sempre.
Exortamos o
regime de Kiev a cessar imediatamente o fogo, todas as hostilidades, a guerra
que desencadeou ainda em 2014, e a voltar à mesa de negociações. Estamos
prontos para isso, já foi dito muitas vezes. Mas a escolha das pessoas em
Donetsk, Lugansk, Zaporozhie e Kherson não será discutida, já foi feita, a
Rússia não a trairá, e as autoridades de hoje em Kiev devem tratar essa livre
expressão da vontade do povo com respeito, e de nenhuma outra forma. Esse é o
único caminho possível para a paz.
Defenderemos a
nossa terra com todas as forças e meios que temos, e faremos tudo que for
possível para garantir a segurança de nosso povo. Essa é a grande missão
de libertação de nosso povo.
É certo que
reconstruiremos cidades e povoações destruídas, habitações, escolas, hospitais,
teatros e museus, restauraremos e desenvolveremos empresas industriais,
fábricas, infraestrutura, sistemas sociais, de pensões, de saúde e de educação.
É claro,
trabalharemos para melhorar a segurança. Juntos faremos com que os cidadãos das
novas regiões sintam o apoio de todo o povo da Rússia, de todo o país, de todas
as repúblicas, de todas as regiões de nossa grande pátria.
Caros amigos,
colegas!
Hoje, gostaria
de me dirigir aos soldados e oficiais que participam da operação militar
especial, os soldados de Donbass e Novorossiya, àqueles que após o decreto de
mobilização parcial entraram nas fileiras das Forças Armadas, quem, cumprindo
seu dever patriótico e respondendo ao chamamento de seus corações, vem
ele próprio aos centros de alistamento militar.
Gostaria de
dirigir a palavra aos seus pais, esposas e filhos, e dizer por que nosso povo
está lutando, que inimigo enfrentamos, quem está lançando o mundo em novas
guerras e crises, aproveitando a tragédia para sacar seu lucro sangrento.
Nossos
compatriotas, nossos irmãos e irmãs na Ucrânia, uma parte nativa de nossa nação
unida, viram com seus próprios olhos o que os círculos governantes do chamado
Ocidente estão preparando para toda a humanidade. Aqui eles simplesmente
jogaram fora suas máscaras e mostraram sua verdadeira face.
Após o colapso
da União Soviética, o Ocidente decidiu que o mundo, todos nós, teríamos que
aturar seus ditames para sempre. Na época, em 1991, o Ocidente pensava que a Rússia nunca se recuperaria dessa convulsão, e que se
desmoronaria por si só. Isso até quase aconteceu: nos lembremos dos anos 90, os
terríveis anos 90, famintos, frios e sem esperança. Mas a Rússia aguentou, se
fortaleceu e voltou a recuperar seu lugar de direito no mundo.
Ao mesmo tempo,
o Ocidente tem, [durante] todo esse tempo, procurado e segue procurando uma
nova chance de nos atingir, de enfraquecer e desintegrar a Rússia, como sempre
sonharam fazer, de fragmentar nosso Estado, de colocar nossos povos uns contra
os outros, de os condenar à pobreza e à extinção.
Eles
simplesmente não conseguem estar tranquilos por existir um país tão grande e
vasto no mundo, com seu território, riquezas naturais, recursos, com um povo
que não sabe nem nunca viverá de acordo com a vontade alheia.
O Ocidente está
disposto a tudo para preservar esse sistema neocolonial que lhe permite
parasitar, basicamente roubar o mundo às custas do poder do dólar e dos ditames
tecnológicos, coletar da humanidade um tributo real, extrair a principal fonte
de riqueza não conquistada, a renda hegemônica. A preservação dessa renda é seu
motivo-chave, genuíno e absolutamente egoísta. É por isso que é de seu
interesse acabar totalmente com as soberanias. Daí sua agressão contra
Estados independentes, contra valores e culturas tradicionais, tentativas de
minar processos internacionais e de integração fora de seu controle, novas
moedas e centros de desenvolvimento tecnológico mundiais. Para eles é
extremamente importante que todos os países renunciem à sua soberania em favor
dos Estados Unidos.
Os círculos
dirigentes de alguns países concordam voluntariamente em fazê-lo, concordam
voluntariamente em tornar-se vassalos; outros são subornados ou
intimidados. Quando não conseguem isso, destroem países inteiros,
deixando para trás desastres humanitários, catástrofes, ruínas, milhões de
vidas humanas arruinadas, enclaves terroristas, zonas de desastre social,
protetorados, colônias e semicolônias. Eles não se importam, desde que se
beneficiem.
Quero enfatizar
mais uma vez que é justamente na ganância, na intenção de manter o seu poder
ilimitado, que estão as verdadeiras razões da guerra híbrida que o
"Ocidente coletivo" está travando contra a Rússia. Eles não nos
desejam liberdade, mas querem nos ver como uma colônia. Eles não querem
cooperação igual, mas roubo. Eles querem nos ver não como uma sociedade livre,
mas como uma multidão de escravos sem alma.
Para eles, uma
ameaça direta é nosso pensamento e filosofia e, portanto, eles atacam nossos
filósofos. A nossa cultura e arte são um perigo para eles, então eles estão
tentando proibi-las. O nosso desenvolvimento e prosperidade também são uma
ameaça para eles — a concorrência está crescendo. Eles não precisam da Rússia,
somos nós que precisamos dela.
Gostaria de
lembrá-los que as reivindicações de dominação mundial no passado foram
abaladas mais de uma vez pela coragem e resiliência do nosso povo. A Rússia
sempre será a Rússia. Continuaremos a defender tanto os nossos valores como a
nossa pátria.
O Ocidente está
contando com a impunidade, em safar-se de tudo. Na verdade, se safou de tudo
até agora. Os acordos no campo da segurança estratégica vão para o ralo; os
acordos alcançados no mais alto nível político são declarados falsos; promessas
firmes de não expandir a OTAN para o Leste, nas quais nossos ex-líderes
acreditaram, se transformaram em um engano sujo; tratados sobre defesa
antimísseis e mísseis de alcance intermediário e curto foram violados unilateralmente
sob pretextos rebuscados.
Tudo o que
ouvimos de todos os lados é: "O Ocidente defende a ordem baseada em
regras". De onde elas vieram? Quem viu essas regras? Quem concordou?
Ouçam, isso é apenas algum tipo de bobagem, pura decepção, padrões duplos ou já
triplos! É apenas projetado para tolos.
A Rússia é uma
grande potência milenar, um país-civilização, e não viverá de acordo com regras
tão manipuladas e falsas.
É o chamado
Ocidente que destruiu o princípio da inviolabilidade das fronteiras e agora, a
seu critério, decide quem tem direito à autodeterminação e quem não tem, quem
não é digno disso. Por que eles decidem assim, quem lhes deu esse direito não
está claro. Deram eles mesmos.
É por isso que a
escolha das pessoas na Crimeia, em Sevastopol, em Donetsk, Lugansk, Zaporozhie
e Kherson causa raiva selvagem neles. Esse Ocidente não tem o direito moral de
avaliá-la, nem mesmo de gaguejar sobre a liberdade da democracia. Não tem nem
nunca teve!
As elites
ocidentais negam não apenas a soberania nacional, mas o direito internacional.
A sua hegemonia tem um caráter pronunciado de totalitarismo, despotismo e
apartheid. Eles dividem descaradamente o mundo em seus vassalos, nos chamados
países civilizados, e em todo o resto que, segundo o plano dos racistas
ocidentais de hoje, deveriam juntar-se à lista dos bárbaros e selvagens. Falsos
rótulos — "país pária", "regime autoritário" — já estão
prontos, estigmatizam povos e Estados inteiros, e não há nada de novo nisso.
Não há nada de novo nisso: as elites ocidentais são o que eram e continuam
assim — colonialistas. Eles discriminam, dividem os povos em
"primeiro" nível e o "outro".
Nunca aceitamos
e nunca aceitaremos tal nacionalismo político e racismo. E o que é, senão
racismo, a russofobia, que agora está sendo espalhada por todo o mundo? O que
é, senão racismo, a convicção peremptória do Ocidente de que a sua civilização,
a cultura neoliberal, é um modelo indiscutível para todo o mundo? "Aquele
que não está conosco está contra nós." Até soa estranho.
Até mesmo o
arrependimento pelos seus próprios crimes históricos está sendo transferido
pelas elites ocidentais para todos os outros, exigindo que os cidadãos dos seus
países e outros povos se desculpem por aquilo com que não têm nada a ver, por
exemplo, pelas conquistas coloniais.
Vale lembrar ao
Ocidente que ele iniciou a sua política colonial na Idade Média, e depois se
seguiu o tráfico global de escravos, o genocídio das tribos indígenas na
América, a pilhagem da Índia, África, as guerras da Inglaterra e da França
contra a China, que, como resultado, foi forçada a abrir seus portos para o
comércio de ópio. O que eles fizeram foi colocar nações inteiras nas drogas,
propositalmente exterminar grupos étnicos inteiros por causa de terras e
recursos, encenar uma verdadeira caçada de pessoas como animais. Isso é
contrário à própria natureza do homem, à verdade, liberdade e justiça.
E nós nos
orgulhamos de que, no século XX, tenha sido o nosso país que liderou o
movimento anticolonial, que abriu oportunidades para muitos povos do mundo
se desenvolverem para reduzir a pobreza e a desigualdade, para superar a fome e
as doenças.
Ressalto que uma
das razões da multisecular russofobia, do ódio indisfarçado dessas elites
ocidentais em relação à Rússia é justamente que não nos deixamos roubar durante
o período das conquistas coloniais, obrigamos os europeus a negociar com
benefício mútuo. Isso foi alcançado criando um forte Estado centralizado na
Rússia, que se desenvolveu e se fortaleceu nos grandes valores morais da
ortodoxia, islamismo, judaísmo e budismo, na cultura russa e na palavra russa
abertas a todos.
O Ocidente
conseguiu apoderar-se das riquezas da Rússia, conseguiu no final do século XX,
quando o Estado foi destruído. Naquele tempo nos chamavam de amigos e
parceiros, mas na verdade nos tratavam como uma colônia. Trilhões de dólares
foram desviados para fora do país através de uma variedade de esquemas.
Lembramos de tudo, não nos esquecemos de nada. Atualmente, as pessoas em
Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporozhie manifestaram-se a favor da restauração
da nossa unidade histórica.
Obrigado.
Os países
ocidentais vêm repetindo há séculos que trazem liberdade e democracia a outros
povos. Tudo é exatamente o oposto. Em vez de democracia é opressão e
exploração, em vez de liberdade é escravização e violência.
Toda a ordem
mundial unipolar é inerentemente antidemocrática e não traz liberdade, é
enganosa e hipócrita por completo. Os Estados Unidos são o único país
do mundo que usaram armas nucleares duas vezes, destruindo as cidades
japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Aliás, eles abriram um precedente. Deixem-me
lembrá-los que os Estados Unidos, juntamente com os britânicos, transformaram
Dresden, Hamburgo, Colônia e muitas outras cidades alemãs em ruínas, sem necessidade
militar, durante a Segunda Guerra Mundial. Isso foi feito de modo desafiante,
repito, sem qualquer necessidade militar. O objetivo era o mesmo: intimidar
tanto o nosso país como o mundo inteiro. Os Estados Unidos deixaram uma marca
terrível na memória dos povos da Coreia e do Vietnã, com bombardeios bárbaros,
o uso de napalm e armas químicas, e ainda ocupam a Alemanha, o Japão, a
República da Coreia e outros países. E, ao mesmo tempo, cinicamente, os chamam
de aliados. Eu me pergunto que tipo de aliança é essa.
O mundo inteiro
sabe que os líderes desses países estão sendo vigiados. Aos governantes desses
Estados instalam dispositivos de escuta, não apenas em instalações oficiais,
mas também em residências. Isso é uma verdadeira vergonha, uma vergonha tanto
para quem faz isso quanto para quem, como escravo, engole silenciosa e
mansamente essa grosseria. As ordens e gritos rudes e insultos aos seus
vassalos eles chamam de solidariedade euro-atlântica. O desenvolvimento
de armas biológicas, experimentos em pessoas vivas, inclusive na Ucrânia,
chamam de pesquisas médicas nobres. É precisamente com a sua política
destrutiva, guerras, roubos, que provocaram o aumento colossal dos fluxos
migratórios atuais.
Milhões de
pessoas sofrem privações, torturas, milhares morrem tentando chegar a essa
mesma Europa. Agora eles estão exportando trigo da Ucrânia. Para onde ele
está indo? Sob o pretexto de garantir a segurança alimentar dos países mais
pobres do mundo. Para onde está indo? Sim, a esses mesmos países europeus.
Somente 5% foram para os países mais pobres do mundo. Mais uma vez, outra fraude
e decepção total. Na realidade, a elite americana está usando a tragédia dessas
pessoas para enfraquecer seus concorrentes e destruir os Estados nacionais.
Isso também se aplica à Europa e à identidade da França, Itália, Espanha e
outros países com uma longa história. Washington está exigindo cada vez mais
sanções contra a Rússia, e a maioria dos políticos europeus concorda
humildemente com isso.
Eles entendem
claramente que os Estados Unidos, forçando a rejeição completa pela UE
da energia russa e outros recursos, estão praticamente levando à
desindustrialização da Europa. Com o objetivo de dominar completamente o
mercado europeu. Todos eles entendem, essas elites europeias, entendem tudo,
mas preferem servir os interesses alheios, e isso não é mais servilismo, mas
uma traição direta aos seus povos. Mas, que Deus os abençoe, isso é um negócio
deles. Mas as sanções não são suficientes para os anglo-saxões, eles mudaram
para a sabotagem, é inacreditável, mas é verdade. Organizando explosões nos
gasodutos internacionais do Nord Stream, que correm ao longo do fundo do mar
Báltico. Na verdade, eles começaram a destruir a infraestrutura energética
pan-europeia. Está claro para todos quem se beneficia disso. Quem se beneficia
é quem o fez.
O ditame dos
EUA é baseado na força bruta, na "lei do punho". Às vezes
lindamente embrulhado, às vezes sem nenhum embrulho, mas a essência é a mesma,
a "lei do punho". Daí vem a implantação e manutenção de centenas de
bases militares em todos os cantos do mundo, a expansão da OTAN, tentativas de
formar novas alianças militares, como AUKUS e muitas outras semelhantes. Um
trabalho ativo também está em andamento para criar um vínculo político
Washington-Seul-Tóquio. Todos os países que têm ou buscam ter soberania
política e são capazes de desafiar a hegemonia ocidental são automaticamente
incluídos nas fileiras do inimigo. É sobre esses princípios que as doutrinas
militares dos EUA e da OTAN são construídas, exigindo nem mais nem menos do que
a dominação total. As elites ocidentais apresentam seus planos neocoloniais com
hipocrisia, mesmo com pretensão de paz, falando de algum tipo de
"contenção".
Essa palavra tão
astuta vagueia de uma estratégia para outra, mas na verdade significa apenas
uma coisa: minar quaisquer centros soberanos de desenvolvimento. Já ouvimos
falar da contenção da Rússia, China, Irã. Acredito que outros países da Ásia,
América Latina, África, Oriente Médio, além dos atuais parceiros e aliados dos
Estados Unidos, sejam os próximos. Sabemos que se eles não gostam de algo,
também impõem sanções contra seus aliados, ora contra um banco, ora contra
outro, ora contra uma empresa, ora contra outra. Essa é a mesma prática, e vai
se expandir. Eles têm como alvo todos, incluindo nossos vizinhos mais próximos,
os países da CEI [Comunidade dos Estados Independentes]. Ao mesmo tempo, o
Ocidente tem, claramente e há muito tempo, apresentado desejos em vez da
realidade. Assim, iniciando uma guerra-relâmpago de sanções contra a Rússia,
eles acreditaram que mais uma vez seriam capazes de reconstruir o mundo inteiro
sob seu comando. Mas, como se viu, uma perspectiva tão rósea não excita a
todos, exceto talvez masoquistas políticos completos e fãs de outras formas não
tradicionais de relações internacionais. A maioria dos Estados se
recusa a saudá-los e escolhe o caminho razoável da cooperação com a Rússia.
O Ocidente,
obviamente, não esperava tamanha insubmissão deles, ele apenas se acostumou a
agir de acordo com um padrão, levando tudo descaradamente, usando chantagem,
suborno, intimidação. E ele se convenceu de que esses métodos funcionam para
sempre. Como se ficassem ossificados e congelados no passado. Essa
autoconfiança não é apenas um produto direto do notório conceito de
exclusividade própria, embora isso, é claro, seja surpreendente, mas também da
grande fome de informação no Ocidente. A verdade foi afogada em um oceano de
mitos, ilusões e falsificações, usando propaganda agressiva ilimitada. Eles
mentem descaradamente, como Goebbels, quanto mais incrível a mentira, mais
rápido eles acreditarão nela. Mas as pessoas não podem ser alimentadas com
dólares e euros, e é impossível aquecer uma casa com a capitalização
virtualmente inflada das redes sociais ocidentais. Tudo isso é importante, mas
não menos importante é o que foi dito, você não pode alimentar ninguém com
papéis, você precisa de comida. E essas capitalizações infladas também não vão
aquecer ninguém. São necessários recursos energéticos, por isso os políticos da
Europa se veem obrigados a convencer seus concidadãos a comer menos, lavar-se
com menos frequência e vestir roupa mais quente em casa.
E aqueles que
começam a fazer perguntas justas, "realmente, por que é assim?", são
imediatamente declarados inimigos, extremistas e radicais. Eles acusam então a
Rússia, dizem, esta é a fonte de seus problemas. Eles mentem novamente. O que
quero enfatizar em particular é que há todas as razões para acreditar que as
elites ocidentais não vão procurar saídas construtivas para a crise global de
alimentos e energia, que surgiu por culpa delas, como resultado da sua política
de longo prazo, muito antes da nossa operação militar especial na Ucrânia e em
Donbass. Não pretendem resolver os problemas da injustiça e desigualdade. Há
temores de que eles estejam prontos para usar outras receitas que são
familiares para eles.
Aqui vale
lembrar que o Ocidente resolveu as contradições do início do século XX
através da Primeira Guerra Mundial. Os lucros da Segunda Guerra Mundial
permitiram que os Estados Unidos finalmente superassem as consequências da
Grande Depressão e se tornassem a maior economia do mundo, impondo o poder do
dólar no planeta como moeda de reserva global.
Na década de
1980 a crise também se agravou. Mas o Ocidente a superou em grande parte se
apropriando do legado e dos recursos da União Soviética em colapso que, por
fim, se dissolveu. É um fato. Agora, para sair de mais um emaranhado de
contradições, eles precisam quebrar a Rússia e outros Estados que escolhem o
caminho soberano do desenvolvimento, a todo custo, para roubar ainda mais a
riqueza alheia e, às custas disso, fechar, tampar seus buracos. Se isso não
acontecer, não excluo que eles tentem levar o sistema completamente ao colapso,
o qual poderá ser responsabilizado por tudo. Ou, Deus não permita, eles decidem
usar a conhecida fórmula "a guerra vai deduzir tudo".
A Rússia entende
sua responsabilidade para com a comunidade mundial e fará de tudo para trazer
essas cabeças quentes à razão. Obviamente, o atual modelo neocolonial está condenado, mas seus
verdadeiros donos vão se agarrar a ele até o fim, eles simplesmente não têm
nada a oferecer ao mundo, exceto manter o mesmo sistema de roubos e extorsão.
Na verdade, eles cospem no direito natural de bilhões de pessoas, da maioria da
humanidade, à liberdade e à justiça, à determinação de seu próprio futuro por
conta própria. Agora, eles mudaram completamente para a negação dos padrões
morais, religião, família. Vamos nos responder a perguntas muito simples: agora
quero voltar ao que disse, quero me dirigir a todos os cidadãos da Rússia. Nós
realmente queremos que nós, aqui, em nosso país, na Rússia, em vez de mamãe e
papai, tenhamos o genitor número um, dois, três? Eles são completamente loucos?
Queremos que perversões que levam à degradação e à extinção sejam impostas às
crianças de nossas escolas desde o ensino primário? Para ser incutido neles que
supostamente existem outros gêneros além de mulheres e homens, e eles lhes
proponham uma operação de mudança de sexo? É isso que todos nós queremos para
nosso país e nossas crianças? Para nós, isso é inaceitável, temos um futuro
diferente, o nosso próprio. Repito: a ditadura das elites ocidentais é dirigida
contra todas as sociedades, incluindo os próprios povos dos países ocidentais —
esse é um desafio para todos. Uma negação tão completa do homem, a derrubada da
fé e dos valores tradicionais, a supressão da liberdade, adquire
características de uma "religião ao contrário", de um satanismo
absoluto. No Sermão da Montanha, Jesus Cristo, denunciando os falsos profetas,
diz: "Pelos seus frutos os conhecereis". E essas frutas venenosas já
são óbvias para as pessoas. Não só no nosso país, em todos os países, inclusive
para muitas pessoas no Ocidente.
O mundo entrou
em um período de transformações revolucionárias. Elas são de natureza
fundamental, estão sendo formados novos centros de desenvolvimento, que
representam a maioria da comunidade mundial e estão prontos não apenas para
declarar seus interesses, mas também para defendê-los. E na multipolaridade
eles veem uma oportunidade de fortalecer sua soberania, o que significa ganhar
uma verdadeira liberdade, uma perspectiva histórica. Seu direito ao
desenvolvimento independente, criativo, original, a um processo harmonioso. Em
todo o mundo, inclusive na Europa e nos Estados Unidos, como eu disse, temos
muitas pessoas com a mesma opinião, e sentimos, vemos seu apoio. Muitas delas,
dos mais diversos países e sociedades, já estão desenvolvendo um movimento em
seu caráter anticolonial e de libertação contra a hegemonia unipolar. Sua
abrangência só vai crescer. É essa força que determinará a futura realidade
geopolítica.
Caros amigos,
hoje lutamos por um caminho justo e livre, antes de tudo por nós mesmos, pela Rússia.
Porque a ditadura, o despotismo deve permanecer para sempre no passado. Estou
convencido de que países e povos entendem que uma política construída na
exclusividade de qualquer um, na supressão de outras culturas e povos, é
inerentemente criminosa. Que devemos virar essa página vergonhosa. A
ruptura da hegemonia ocidental que começou é irreversível e, repito, o mundo
não será o mesmo de antes.
O campo de
batalha para o qual o destino e a história nos chamaram é o campo de batalha
pelo nosso povo, pela grande Rússia histórica. Pela grande Rússia histórica,
pelas gerações futuras, pelos nossos filhos, netos e bisnetos. Devemos
protegê-los da escravização, de experimentos monstruosos que visam mutilar sua
consciência e alma. Hoje, estamos lutando para que nunca ocorra a ninguém que a
Rússia, nosso povo, nossa língua, nossa cultura possam ser apagadas da
história. Hoje, precisamos da consolidação de toda a sociedade. E a base dessa
consolidação só pode ser a soberania, a liberdade, a criação, a justiça. Nossos
valores são humanidade, misericórdia e compaixão.
Gostaria de
terminar meu discurso com as palavras de um verdadeiro patriota, Ivan
Aleksandrovich Ilyin:
"E se
considero a Rússia minha pátria, isso significa que amo em russo, contemplo e
penso, canto e falo em russo; que acredito na força espiritual do povo russo.
Seu espírito é meu espírito; seu destino é meu destino; seu sofrimento é minha
dor; seu florescimento é minha alegria".
Por trás dessas
palavras há uma grande escolha espiritual, que por mais de 1.000 anos de Estado
russo foi seguida por muitas gerações de nossos ancestrais. Hoje, somos nós que
fazemos essa escolha. Foi feita pelos cidadãos das repúblicas populares de
Donetsk e Lugansk, pelos moradores das regiões de Zaporozhie e Kherson. Eles
fizeram a escolha de estar com seu povo, estar com a pátria, viver seu destino,
vencer com ela. Ao nosso lado está a verdade, ao nosso lado está a
Rússia!
V. Poutine
30 Septembre 2022
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