domingo, 27 de janeiro de 2008

Wikipedia - O livro negro do Comunismo


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O Livro Negro do Comunismo: Crimes, Terror, Repressão é um livro que descreve a história das repressões políticas pelos países que os autores consideravam como comunistas, incluindo execussões extrajudiciais, deportações e crises de fome causadas pelos governos, os quais, de acordo com o livro, resultaram de acções de comunistas. O livro foi originalmente publicado em França com o título Le livre noir du communisme: Crimes, terreur, répression.[carece de fontes?]


Índice

[esconder]

[editar] Autores

O livro tem como autores vários académicos e especialistas europeus e foi editado por Stéphane Courtois.

  • Stephane Courtois é director de investigação no Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS).
  • Nicolas Werth é um investigador do Institut d'Histoire du Temps Présent (IHTP) em Paris.[1]
  • Jean-Lous Panné é um especialista acerca do movimento comunista internacional.
  • Andrzej Paczkowski é o director do Instituto de Estudos Políticos da Academia Poalca das Ciências e um membro da comissão arquivadora do Ministério Polaco dos Assuntos Internos.
  • Karel Bartošek (1930–2004) foi um historiador checo e investigador no IHTP.
  • Jean-Lous Margolin é professor na Universidade da Provença e investigador do Instituto de *Investigação do Sudeste Asiático.
  • Sylvain Boulougue é investigador associado no GEODE, Universidade de Paris X.
  • Pascal Fontaine é um jornalista com um conhecimento especial da América Latina.
  • Rémi Kauffer é um especialista na história dos Serviços Secretos, terrorismo e operações clandestinas.
  • Pierre Rigoulet é um investigador do Instituto de História Social.
  • Yves Santamaria é um historiador.

[editar] Introdução

A introdução, pelo editor Stéphane Courtois, declara que "...os regimes comunistas tornaram o crime em massa numa forma de governo". Usando estimativas não oficiais, apresenta um total de mortes que chega aos 94 milhões, não contando as mortes em excesso (decréscimo da população devido a uma taxa de nascimentos menor que o esperado). A estatística desagregada do número de mortes dado por Courtois é a seguinte:

O livro defende explicitamente que os regimes comunistas são reponsáveis por um número maior de mortes do que qualquer outro ideal ou movimento político, incluindo o fascismo. As estatísticas das vítimas incluem execussões, fomes intencionalmente provocadas, mortes resultantes de deportações, prisões e trabalhos forçados.

Uma lista parcial mais detalhada de alguns crimes cometidos na União Soviética durante os regimes de Lenine e Estaline descritos no livro inclui:

  • As execussões de dezenas de milhares de reféns e prisioneiros e o assassínio de centenas de milhares de operários e camponeses rebeldes entre 1918 e 1922.
  • A fome russa de 1921, que causou a morte de 5 milhões de pessoas.
  • A deportação e o extermínio dos cossacos do Don em 1920.
  • O assassínio de dezenas de milhares em campos de concentração no período entre 1918 e 1930.
  • A grande purga que acabou com a vida de 690.000 pessoas.
  • A deportação dos chamados "kulaks" entre 1930 e 1932.
  • A morte de 4 milhões de ucranianos (Holodomor) e de 2 milhões de outros durante a dome de 1932 e 1933.
  • As deportações de polacos, ucranianos, bálticos, moldavos e bessarábios entre 1939 e 1941 e ntre 1944 e 1945.
  • A deportação dos alemães do Volga.
  • A deportação dos tártaros da Crimeia em 1943.
  • A deportação dos chechenos em 1944.
  • A deportação dos inguches em 1944.

O livro, entre outras fontes, usou material dos recentemente abertos ficheiros do KGB e de outros arquivos soviéticos.


[editar] Controvérsia

Dois dos autores, Nicholas Werth e Jean-Louis Margolin, desencadearam um debate em França quando publicamente se dissociaram das declarações de Curtois na introdução acerca da escala do terror comunista. Achavam que este estava obcecado com chegar a um total de 100 milhões de vítimas. Em vez disso estimavam que o comunismo fizera entre 65 e 93 milhões de mortos[2]. Rejeitaram igualmente a comparação da repressão soviética com o genocídio Nazi. Werth, um bem considerado especialista francês acerca da União Soviética, disse que apesar de tudo existia uma diferença qualitativa entre o nazismo e o comunismo. Disse ao Le Monde que "Não existiam campos de extermínio na União Soviética"[3], e que "Quanto mais se compara o comunismo com o nazismo, mais as diferenças são óbvias[4]".

O número de 60 milhões de mortes na China (as estimativas variam muito) é criticada por incluir as mortes por fome (talvez cerca de metade do total) e da guerra civil, que parece incluir também as mortes causadas pela invasão japonesa.

[editar] Recepção

Sem surpresas, devido à natureza do assunto a que diz respeito, o livro desencadeou uma grande variedade de respostas, desde o apoio entusiástico a um criticismo severo.

[editar] Apoio

O livro negro do comunismo recebeu louvores dos meios de comunicação norte-americanso e britânicos, incluindo o Times Literary Supplement, New York Times Book Review, Library Journal, Kirkus Reviews, The New Republic, The National Review e The Weekly Standard[5].

O historiador Tony Judt, analisando o livro para o The New York Times:[6]

Um compêndio de 800 páginas dos crimes dos regimes comunistas por todo o mundo, recolhidos e analizados em grande detalhe por uma equipa de especialistas. Os factos e os dados, alguns deles bem conhecidos, outros confirmados há pouco em até agora inacessíveis artigos, são irrefutáveis. O mito dos fundadores bem intencionados - o bom czar Lenine e os seus perversos herdeiros - foi apagado de vez. Ninguém poderá mais clamar ingnorância ou incerteza acerca da natureza criminosa do comunismo, e aqueles que começaram a esquecer serão forçados a relembrar de novo.

Anne Applebaum, autora de "Gulag: Uma História":[7]

Uma história séria dos crimes comunistas na União Soviética, Europa Oriental e Ocidental, China, Coreia do Norte, Camboja, Vietname, África e América Latina...O livro negro de facto ultrapassa muitos dos seus predecessores em relatar a grande escala da tragédia comunista devido ao uso extensivo por parte dos autores dos recentemente abertos arquivos da União Soviética e da Europa Oriental.

Martin Malia, professor de história n Universidade da Califórnia, Berkeley, escrevendo para o suplemento literário do Times:[8]

A publicação sensação em França este inverno (1999) foi um austero tomo volume académico, Le Livre Noir du Communisme, detalhando os crimes do comunismo desde a Rússia em 1917 ao afeganistão em 1989...O livro negro do comunismo faz um balanço do nosso presente conhecimento acerca dos custos humanos do comunismo, baseado em arquivos quando possível, e quando não baseado nas melhores fontes secundária e com referência às dificuldades de qualificação. No entanto, apesar de austero, o seu impacto cumulativo é enorme. Ao mesmo tempo o livro dá uma série de importantes pontos analíticos.

[editar] Críticas

[editar] Dúvidas sobre o número de vítimas

Não há consenso entre os historiadores sobre o número de vítmas da repressão nos países do bloco socialista. Alguns põem o número de vítimas muito mais alto do que no livro negro, mas outros dizem que o número é mais baixo. Por exemplo, as estimativas para o regime de Estaline na União Soviética vão entre os 20 e os 60 milhões[9], e os de Mao Tsé Tung na China entre os 19,5 e os 75 milhões[10]. Os autores do livro negro defendem as suas estimativas para a União Soviética (20 milhões) e para a Europa de Leste (1 milhão) dizendo que usaram fontes que não estavam disponíveis a investigadores anteriores (os arquivos mencionados anteriormente), Ao mesmo tempo os autores reconhecem que as estimativas para a China e outros países ainda governadas por partidos comunistas são incertas uma vez que os seus arquivos ainda estão fechados. Nos anos recentes alguns autores publicaram esimativas progressivamentemaiores das mortes provocadas por regimes comunistas; assim, livros recentes como Mao:A história desconhecida e Um século de violência na Rússia Soviética defenderam numeros de mortos mais elevados para a China e a Rússia respectivamente.

O professor da Universidade da Califórnia J. Arch Getty rferiu que as fomes representam mais de metade dos 100 milhões de vítimas de Curtois. Este acredita que as mortes causadas por fomes provocadas, como durante o Holodomor, não são iguais ás mortes em trabalho forçado nos Gulags[11].

Outro professor da Universidade da Califórnia, Mark Tauger, também discorda com a tese do autor de que a morte de um camponês da ucrânia "vale a morte de uma criança no Gueto de Varsóvia". Não interpreta o Holodomor como uma fome intencional e como genocídio[12]. Esta é uma polémica em curso entre os historiadores. Por exemplo, Robert Conquest também vê esta fome, o Holodomor, como intencional.

[editar] O argumento de que os regimes políticos descritos não eram comunistas

Críticos do Livro negro alegaram que este usa o termo comunista para se referir a uma vasta variedade de sistemas e que "arbitrariamente atira fenómenos históricos completamente diferentes como a querra civil de 1918-21, a colectivização forçada e o Grande Terror na União Soviética, o domínio de Mao na China e de Pol Pot no Camboja, o governo militar na Etiópia tal como diversos movimentos políticos da América Latina, desde a frente sandinista na Nicarágua ao Caminho Brihante no Perú."[13] Não discutindo a natureza comunista ou não dos países referenciados, o jornal francês Le Monde Diplomatique argumentou que a história local e as tradições desempenharam um papel ao menos tão importante quanto o do comunismo em cada caso[14]. O próprio Karl Marx afirmou: "Se algo é certo, é que eu próprio não sou um marxista", depois de contactar com marxistas franceses no final da sua vida[15].

[editar] O argumento de que o livro é parcial

Outra crítica ao livro é que discute apenas os estados comunistas, sem fazer comparações com os estados capitalistas. Alguns críticos argumentaram que se se aplicassem os standards do Livro Negro ao capitalismo este poderia ser responsabilizado por tantas mortes como os países comunistas (ver: O Livro Negro do Capitalismo) Entre os alegados crimes do capitalismo estão as mortes resultantes do colonialismo e do imperialismo, repressão das classes trabalhadoras e de sindicatos nos séculos XIX e XX, dictaduras pró-ocidentais durante a guerra fria e o rápido regresso ao capitalismo em estados anteriormente comunistas após 1990[16][17]. O Le Monde Diplomatique nota que o Livro Negro incrimina o lado comunista em numerosas guerras e revoluções sem mencionar as mortes e outros crimes cometidos pelo lado anti-comunista ao mesmo tempo[18]. Noam Chomsky, refere que os argumentos usados por capitalistas para justificar essas mortes são muito semelhantes aos argumentos usados para defender os países comunistas. Por exemplo, alega-se que o colonialismo e o imperialismo não representam o verdadeiro capitalismo, e que as mortes provocadas por ditadura pró-ocidentais durante a guerra fria eram necessárias para lutar contra o comunismo.

O jornalista Daniel Singer refere também que muitos massacres do século XIX não foram cometidos e defende que as mortes provocadas pela pobreza deveriam em geral ser atribuídas ao capitalismo[19].

Apoiantes do capitalismo defendem que a investigação empírica, tal como a que é feita acerca da liberdade económica, mostra que os países capitalistas tendem a ter menor pobreza[20].


[editar] Trivia

O livro Estalinismo e Nazismo:História e Memória Comparadas argumenta que o título ecoa o livro documetal de Ilya Ehrenburg e Vasily Grossman acerca das atrocidades nazis; O Livro Negro.[21]

[editar] Ligações externas

[editar] Referências

  1. [1]
  2. Le Monde, 14 de Novembro de 1997
  3. J Arch Getty, The Atlantic Monthly, Boston: Mar 2000.Vol.285, Iss. 3; pg. 113, 4 pgs [2]
  4. Le Monde, 21 de Setembro de 2000
  5. [3]
  6. [4]
  7. [5]
  8. [6]
  9. [7]
  10. [8]
  11. J Arch Getty, The Atlantic Monthly, Boston: Mar 2000. Vol.285, Iss. 3; pg. 113, 4 pgs
  12. [9]
  13. [10]
  14. [11]
  15. [12]
  16. [13]
  17. [14]
  18. [15]
  19. [16]
  20. Liberdade Económica no Mundo: Relatório Anual de 2004 (pdf)
  21. Henry Rousso (edt), Stalinism and Nazism: History and Memory Compared (2004), ISBN 0803239459, p. xiii

1 comentário:

Ricardo disse...

Não eram comunistas? E o que eles eram então? Que confuso este universo socialista-comunista,não sabem para que vieram e nem para onde vão, não sabem explicar o mundo além da economia e das relações sociais. É muito fácil buscar explicações na formação de estado capitalista que todos estes regimes tiveram porque não encontraram outro caminho para sua sobrevivência. Isto demonstra o interesse pelo o capital, fraqueza de todos os comunistas, engraçado não? É só perceber o nosso Presidente Lula.

Lembro uma frase do meu professor de Faculdade, esquerdista de coração, que disse: "Se alguém da esquerda disser que são alienados, responda,você também é!" Veja como vivem e pensam os esquerdistas neste sentido, em continua contradição.

E se nem Marx, se considerava marxista, pior ainda, pior para os esquerdistas, que desilusão!!