terça-feira, 25 de novembro de 2025

Bruno de Carvalho - 25 de Novembro

* Bruno de Carvalho,

E o embaraço dos militares na televisão a tentar explicar porque é que os portugueses são indiferentes ao 25 de Novembro? As ruas completamente vazias são prova disso. De uma Praça do Comércio quase cheia para assistir à iluminação de uma árvore de Natal a uma Praça do Comércio vazia com uma parada militar a imagem é muito óbvia. 

Também tentam esconder factos relevantes. Recordo que, a 25 de Novembro, despediram cerca de 150 jornalistas de meios estatais de forma ilegal num processo de saneamento e perseguição política. Fizeram aquilo que acusaram outros de querer fazer.

O 25 de Novembro não foi uma tentativa de golpe da esquerda. Foi um protesto de um sector das forças armadas contra mudanças na hierarquia militar usado como pretexto para a direita militar iniciar um golpe para esmagar a revolução.

Ninguém saiu à rua para defender o golpe da direita. Os únicos que o fizeram foi para tentar evitar esse golpe. Não tiveram qualquer legitimidade ou apoio popular. De tal forma, que meses mais tarde a direita foi obrigada a aceitar uma constituição que tem o socialismo inscrito no seu preâmbulo. 

50 anos depois podemos dizer que são 50 anos de ruas vazias de qualquer capacidade de celebrar o 25 de Novembro. A direita podia tê-lo feito e nunca tentou porque sabe que seria um fracasso. Ainda assim, é um facto que o 25 de Novembro é a data em que a esquerda militar é derrotada e se inicia um processo contra-revolucionário. 

Quando hoje se fala da data que inscreveu definitivamente a liberdade e evitou um regime comunista, como alega a direita, nunca se diz o que realmente se celebra: o início do processo que empurrou o país para mais desigualdades sociais, pobreza, privatizações, desmantelamento do aparelho produtivo, entrega do poder aos grandes grupos económicos e financeiros e a perda da nossa soberania para a União Europeia.

https://www.facebook.com/pedro.bala/posts/ 

Sem comentários: