domingo, 27 de janeiro de 2008

O Livro Negro do Cristianismo


O Livro Negro do Cristianismo, Jacobo Fo, Sérgio Tomat e Laura Malucelli
16/08/2007

Em 2 de fevereiro de 1512, o chefe indígena dos tainos, Hatuey após uma tentativa de rebelar contra os conquistadores espanhóis foi capturado e condenado á morte na fogueira. Quando estava a ponto de ser executado, um frade franciscano implorou perguntando se ele queria converter-se ao cristianismo para subir aos céus, Hatuey respondeu indagando: "E esses homens brancos também vão para o céu?", e ao receber uma afirmação disse "então eu não quero ir onde esses homens irão".



"Acreditar num deus cruel, faz um homem cruel."
Thomas Paine



Em O Livro negro do cristianismo: dois mil anos de crimes em nome de Deus (Il libro negro del cristianismo, tradução de Mônica Braga, Ediouro, 270 páginas, R$ 39,90), os italianos Jacobo Fo, Sérgio Tomat e Laura Malucelli narram as inúmeras atrocidades praticadas pela Igreja Católica ao longo de seus dois mil anos de história.

Em uma investigação bem detalhada os jornalistas fazem um vasto panorama desta história sanguinária. Fo, filho do Nobel de Literatura de 1997, Dario Fo, é um dos jornalistas italianos mais requisitados, iniciou seus trabalhos com publicações alternativas durante a década de 1970 e atualmente escreve para l´Expresso, Il corriere della Sera, entre outros. Contou com a colaboração de Tomat e Malucelli para trazer esta obra, cujo enfoque impressiona pelo horror cometido em nome de Deus.

Conduzindo a história do catolicismo, deste a época de Constantino até a omissão diante do movimento nazi-fascista em plena II Guerra Mundial, os autores analisam e detalham a extensa relação de crimes causada por ganância, riqueza e uma "fé".

O porquê da proibição de ler a Bíblia durante tanto tempo, o porquê do extermínio, e da união do clero com os exércitos seculares no passado. Como foi a instauração dos poderes inquisitórios? Quanto dinheiro entrou nos cofres da Igreja via perdões papais? Em que grau a Igreja obscureceu o desenvolvimento cientifico ao perseguir figuras como Galileu ou Giordano Bruno? Porque relegar a figura da mulher a um papel submisso e secundário no cristianismo? Essas e outras perguntas são respondidas ao longo das páginas deste Livro Negro.

Os ensinamentos de Jesus Cristo podem ter sido uma lição de paz e amor. É tanto verdadeira a premissa que o fato de hoje o mundo parecer menos violento se deve a maturidade desses ensinamentos. Contudo a evolução da Igreja, de párias crentes a cultistas do Estado, principalmente com a união da Igreja com o Estado romano, deu àquelas mensagens pregadoras a rígidos dogmas impostos aos fiéis, e iniciou o áspero, desconhecido e oculto de momentos sádicos, amorais e desumanos que incluem: caça às bruxas e considerados hereges, a Inquisição, Cruzadas, escravidão, colonialismo, apoio a ditaduras, casos de pedofilia...entre outros.

Polêmico, o livro revisiona os pontos negros do cristianismo e daqueles personagens e instituições que fizeram parte desta história obscura. Amparado em documentos de diferentes arquivos, incluindo os do próprio pai, Jacobo torna a obra em um dos melhores fontes para essa desconhecida história, chafurdando os porões e os sótãos obscuros dessa instituição poderosa, que chega ao século XXI, longe da vida cotidiana e perde fiéis.

Atrevido, O Livro Negro do Cristianismo, best-seller na Itália e chega ao país mais católico do mundo como uma obra necessária à manipulação de informações que caem sempre sobre os assuntos da Igreja maculada e cansada aos novos tempos.
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http://www.leialivro.com.br/texto.php?uid=16416

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