sábado, 30 de outubro de 2010

Cancões heróicas musicadas por Fernando Lopes Graça

Fernando Lopes Graça em Évora

Sábado, Abril 28, 2007


FERNANDO LOPES-GRAÇA

músico/compositor, 1906-1994
, Colocado por Victor Nogueira @ Sábado, Abril 28, 2007
.
Fotografia de Victor Nogueira

shortcut: [Album549931]
Canções Heróicas / Canções Regionais Portuguesas  - album cover

Fernando Lopes Graça
 (1906-1994)
Canções Heróicas
 
Acordai
.
Acordai,
Homens que dormis
A embalar a dor
dos silêncios vis!
Vinde, no clamor
Das almas viris,
Arrancar a flor
Que dorme na raiz!

Acordai,
Raios e tufões
Que dormis no ar
E nas multidões!
Vinde incendiar
De astros e canções
As pedras e o mar,
O mundo e os corações!

Acordai!
Acendei,
De almas e de sóis
Este mar sem cais,
Nem luz de faróis!

E acordai, depois
Das lutas finais,
Os nossos heróis
Que dormem nos covais
Acordai!
 

Jornada
.
Não fiques para trás, ó companheiro,
É de aço esta fúria que nos leva.
Pra não te perderes no nevoeiro,
Segue os nossos corações na treva.

Vozes ao alto!
Vozes ao alto!
Unidos como os dedos da mão
Havemos de chegar ao fim da estrada,
Ao som desta canção.

Aqueles que se percam no caminho,
Que importa! Chegarão no nosso brado.
Porque nenhum de nós anda sozinho,
E até mortos vão ao nosso lado.

Vozes ao alto!
Vozes al alto!
etc.
 

Mãe Pobre
.
Terra Pátria serás nossa,
Mais este sol que te cobre,
Serás nossa,
Mãe pobre de gente pobre.

O vento da nossa fúria
Queime as searas roubadas;
E na noite dos ladrões
Haja frio, morte e espadas.

Terra Pátria serás nossa
Mais os vinhedos e os milhos,
Serás nossa,
Mãe que não esquece os filhos.

Com morte, espadas e frio,
Se a vida te não remir,
Faremos da nossa carne
As seraras do porvir.

Terra Pátria serás nossa,
Livre e descoberta enfim,
Serás nossa,
Ou este sangue o teu fim.

E se a loucura da sorte
assim nos quizer perder,
Abre os teus braços de morte
E deixa-nos aquecer.
 

Convite
.
Vinde ver a Primavera,
Vós que sois da minha terra.
Na raiz de cada chão
Nasce um canto contra a guerra.

Vinde ver o sol fecundo
E abraçar a ventania.
Nas vozes de cada fome
Há gritos de rebeldia
Vinde, vinde!
 

Firmeza
.
Sem frases de desânimo,
Nem complicações de alma,
Que o teu corpo agora fale,
Presente e seguro do que vale.

Pedra em que a vida se alicerça,
Argamassa e nervo,
Pega-lhe como um senhor
E nunca como um servo.

Não seja o travor das lágrimas
Capaz de embargar-te a voz;
Que a boca a sorrir não mate
Nos lábios o brado de combate.

Olha que a vida nos acena
Para além da luta.
Canta os sonhos com que esperas,
Que o espelho da vida nos escuta.
 

Cantemos o Novo Dia
.
Olhai que vamos passar,
Nosso canto é de verdade;
Vinde connosco lutar,
Nós somos a liberdade.

A terra está toda em flor
O céu é todo alegria.
A nossa voz é de amor,
- Cantemos o Novo Dia!

Ó jovem que és cavador,
Semeia, hás-de colher.
A papoila é nossa flor,
O trigo é nosso querer.

Toda a palavra é de amor,
A hora é nossa, confia,
Nosso olhar tem mais fulgor
- Cantemos o Novo Dia!

Há seiva forte a brotar,
Novas folhas a nascer,
A Primavera a chegar,
Os homens querem viver.

A juventude é mais moça
Quando o amor principia
Pois se a vida é toda nossa
- Cantemos o Novo Dia!
 

Combate
.
Nada poderá deter-nos
Nada poderá vencer-nos.
Vimos do cabo do mundo
Com este passo seguro
De quem sabe aonde vai.

Nada poderá deter-nos,
Nada poderá vencer-nos!

Guerras perdidas e ganhas
Marcaram o nosso corpo,
Mas nunca em nós foi vencida
Esta certeza sabida
De saber aonde vamos.

Nada poderá deter-nos,
Etc.

Os mortos não os deixamos
Para trás, abandonados,
Fizemos deles bandeiras,
Guias e mestres, soldados
Do combate que travamos.

Nada poderá deter-nos,
Etc.

Nada poderá deter-nos,
Pró assalto das muralhas
Nossos corpos são escadas,
Para as batalhas da rua
Nossos peitos barricadas.

Nada poderá deter-nos,
Etc.

Nada poderá vencer-nos,
Vimos do cabo do mundo
Vimos do fundo da vida:
Que somos o próprio mundo
E somos a própria vida.

Nada poderá deter-nos,
Etc.
 

Ronda
.
Amor, já se aproxima a hora
De darmos as mãos e dançar.
A ronda que começa agora,
Eia agora!
É para nela se bailar.

Mas precisamos ir primeiro
por uma madrugada fria,
Fazer dos anseios bandeira,
Na dor temperar a alegria.

Amor, já se aproxima a hora
De darmos as mãos e dançar.
Na ronda que começa agora,
Eia agora!
Havemos todos de entrar.

Se a vida vã que nos uniu
À morte assim nos entregasse,
Seria uma noite mais noite
Que a esta noite nos poupasse.

Amor, já se aproxima a hora
De darmos as mãos e dançar.
A ronda que começa agora,
Eia agora!
Não mais voltará a parar.

E o novo dia se levanta
Vadiando da rua ao telhado.
- Amor, estende a tua manta,
Vamos dormir sobre o passado.
 

Livre
.
Não há machado que corte
A raiz ao pensamento:

Não há morte para o vento,
Não há morte.

Se ao morrer o coração
Morresse a luz que lhe é querida,

Sem razão seria a vida,
Sem razão.

Nada apaga a luz que vive
Num amor, num pensamento,

Porque é livre como o vento
Porque é livre.
 

Canto de Esperança
.
Dentro de mim e de ti
Algo de novo estremece,
A vida abre-se e ri
Na hora que se entretece.
Vultos parados e sós,
Mudez da alma sozinha,
Tomai o corpo e a voz
Da vida que se adivinha.

Canta mais alto, avança e canta,
Lança-te à marcha, não te afastes.
Mistura a tua voz à voz que se levanta
Das chaminés e dos guindastes.

Rasgam-se os céus e a terra,
A esperança cai e refaz-se.
É o grito duma outra guerra:
Canto do homem que nasce.

Tomam forma consistente
As ilusões encobertas.
Caminha, caminha em frente
Para as novas descobertas.

Canta mais alto, avança e canta,
Etc.

Molda em teus dedos leais
Um destino à tua imagem.
Ao ódio dos vendavais
Ergue uma viva barragem.

Da alma do tempo imundo
Arranca a felicidade.
Homens humanos do mundo!
Homens de boa vontade!

Canta mais alto, avança e canta,
Etc.
 

Canto de Paz
.
Homens deixai abrir a alma ao que vier,
Deixai entrar a paz do tempo que ela quer.

De par em par aberta com sol até ao fundo,
Gastai a alma toda na harmonia do mundo.

Homens deixai abrir a alma ao que vier,
Etc.

Homens que vagueais pela berma da vida,
Tereis enfim sinais da glória prometida.

Homens deixai abrir a alma ao que vier,
Etc.

Na voz do Dia Novo a dar bom dia aos astros,
Quando a tristeza for só pó dos vossos rastros,

Homens deixai abrir a alma ao que vier,
Etc.
 

Canto Livre
.
Gema embora a terra inteira
Acurvada a iníquas leis;
Esta fonte sobranceira
Jamais de rojo a vereis.

Hó! Ninguém, ninguém a esmaga
Que eu sou livre como a vaga,
Que sacode sobre a plaga
O jugo de altos baixéis.

Liberdade é o mote escrito
No céu, na terra e no mar!
Di-lo a fera no seu grito
Di-lo a fera no seu grito
E as aves cruzando o ar,
Di-lo o vento da procela,
A vaga que se encapela
E nos espaços a estrela
E nos espaços a estrela
Em seu contínuo girar.

Eu sou livre; eis minha crença,
Nem força contra ela vale.
Que um tirano enfim me vença;
Triunfarei por seu mal.

Triunfarei, que algemado
E diante dele arrastado,
Sou livre! Será meu brado
Até ao momento final
Liberdade é o mote escrito
Etc.
 

Clamor
.
Ao sol os olhos vendados,
Braços na luta cingidos;
E ainda que algemados
- Algemados
Mas nunca vencidos!

Sabemos do sofrimento
O que no sofrimento há;
Se a dor é desalento
- Desalento
Outra fé nos dá!

Uma esperança em cada vida,
Que ao calor do ódio arde;
Luta até mesmo abatida
- Abatida
Mas nunca cobarde!

Carne que se não corrige,
Chicote com sangue a lava;
Se só na morte transige
- Transige
Mas nunca é escrava!
 

Ó Pastor que choras.
.
Ó pastor que choras;
O teu rebanho onde está?
Ó pastor que choras;
O teu rebanho onde está?
Deita as mágoas fora!
Carneiros é o que mais há!
Deita as mágoas fora!
Carneiros é o que mais há!

Uns de finos modos
Outros vis por desprazer:
Uns de finos modos
Outros vis por desprazer:
Mas carneiros todos
Com carne de obedecer!
Mas carneiros todos
Com carne de obedecer!

Quem te pôs na orelha
Essas cerejas pastor?
Quem te pôs na orelha
Essas cerejas pastor?
São de cor vermelha!
Vai pintá-las de outra cor...
São de cor vermelha!
Vai pintá-las de outra cor...

Vai pintar os frutos,
As amoras, os rosais:
Vai pintar os frutos,
As amoras, os rosais:
Vai pintar de luto
As papoilas dos trigais!
Vai pintar de luto
As papoilas dos trigais!
 

Canções de Catarina
.
Na fome verde das searas roxas
Passeava sorrindo Catarina
Passeava sorrindo Catarina

Ah!

Na fome verde das searas roxas
Ai a papoila,
Ai a papoila cresce na campina!
Ai a papoila cresce na campina!

Ah!

Na fome roxa das searas negras
Que levas, Catarina, em tua fonte?
Que levas, Catarina, em tua fonte?

Na fome roxa das searas negras
Ai devoraram,
Ai devoraram corvos o horizonte!
Ai devoraram corvos o horizonte!

Ah!

Na fome negra das searas rubras
Ai da papoila, ai de Catarina!
Ai da papoila, ai de Catarina!

Ah!

Na fome negra das searas rubras trinta balas,
Trinta balas gritaram na campina

Trinta balas
Trinta balas
Te mataram a fome

Catarina
 

As Papoilas
.
O papoilas dos trigais,
Em ondas de cor...
Em ondas de cor...
Sangrentas como os punhais
Do nosso suor...
Do nosso suor...

Dá vontade de arrancá-las,
Pô-las nas lapelas...
Pô-las nas lapelas...
E, depois,
E, depois, dependurá-las
Na luz das estrelas
Na luz das estrelas.

O papoilas como chagas
Em ondas de flor...
Em ondas de flor...
No sangue das vossas vagas
Anda a nossa dor
Anda a nossa dor.

Outras papoilas um dia,
Pela terra fora
Pela terra fora
Darão ao mundo a alegria
Duma nova aurora
Duma nova aurora.
 

Canção do Camponês
.
Adeus trigo, ai, adeus trigo,
Depois de ceifado, adeus:
Amanho-te e não mastigo,
Ai, nem eu, nem eu nem os meus.

O escravo da campina
Ouve o motor do tractor
Com ele mudas a sina -
Da terra és conquistador!.

Searas cor de sol posto,
Meu mar alto de aflição
Enche-o com suor do rosto,
Ai, em troca falta-me o pão.

O escravo da campina
Etc.

Ai campos, como os meus olhos.

Ai campos, como os meus olhos,
Rasos de água tanta vez:
Foram-se espigas nos molhos,
Ai, vem fome para o camponês.

O escravo da campina,
Etc.
 

Quando a Alegria for de todos
.
Quando a Alegria for de todos
Como bem que não tem dono
Como bem que não tem dono;
Quando a alegria for de todos
E tão naturalmente
E tão naturalmente
Como o ar que respiramos
Quando a alegria for de todos -
Que bom será viver
E Respirar a plenos pulmões
O ar saudável da alegria!
Como será bom e belo e fecundo
O riso da Vida
O riso da Vida
Nas bocas floridas,
Nas bocas floridas de palavras de Amor!
Ah!

Quando a alegria for de todos
Quando a alegria for de todos
todos, todos!.
 

Não te deites, Coração
.
Não te deites, coração,
À sombra dos teus amores.
Não durmas, olha para eles,
Com alegrias e dores.

Não tenhas medo. O calor,
Que vem das serras ao mar,
Erguendo incêndios não queima
Erguendo incêndios não queima
O que não é de queimar.

Agradece ao vento frio
Que traz chuva miudinha
É neve que se aproxima,
Tormenta que se avizinha...
Nos incêndios naturais
Queima o ramo das saudades
E faz a tua canção
E faz a tua canção
Do surgir das tempestades!
 

Hino do Homem
.
Homem, se homem queres ser
E não uma sombra triste,
Olha para tudo o que existe
Com olhos de bem ver.

Nada,
Nada receies saber.
Ao que não amas, resiste.

Mesmo vencido, persiste
E acabarás,
E acabarás por vencer.

Quere,
Quere e poderás poder.
Vai por onde decidiste.

A liberdade consiste
No que a razão
No que a razão
No que a razão te impuser.

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http://tv1.rtp.pt/canais-radio/antena2/arquivo_cancoes/fernando-lopes-graca-1.html
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Fernando Lopes-Graça (1906-1995)
Fernando Lopes-Graça foi um dos mais notáveis compositores e musicólogos contemporâneos. Nasceu a 17 de Dezembro de 1906, em Tomar. Estudou em Coimbra, no Conservatório Nacional. As «Variações Sobre um Tema Popular Português para Piano» são a sua primeira obra, datada de 1929.
Biografia de Fernando Lopes Graça: http://www.citi.pt/cultura/temas/frameset_graca.html






Portuguese Folk Music
Vol. IV – Alentejo  
«Esta antologia é o fruto das primeiras pesquisas que Giacometti realizou em Portugal. Contou com a preciosa colaboração de Fernando Lopes Graça, na selecção de trechos musicais e na análise dos mesmos»:
http://montra.alentejodigital.pt/cd.htm
Fernando Lopes-Graça dedicou toda uma vida à recolha de temas tradicionais. Juntamente com Michel Giacometti, fez uma recolha sobre os ritmos e cantares do povo português que é considerada como uma das mais importantes para os estudos etnográficos.  


Ouvir Cantares Tradicionais dirigidos por Fernando Lopes Graça:

Para ouvir poemas tradicionais cantados aceda a: http://www.utad.pt/~cmisto/repertoriobai.html
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Sobre as Canções Heróicas
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As Canções Heróicas/ /Canções Regionais Portuguesas foram compostas musicalmente por Fernando Lopes-Graça e cantadas pelo Coro da Academia de Amadores de Música com Olga Prats ao piano.
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São canções politicamente empenhadas que contribuíram para exaltar a liberdade e dar força a todos aqueles que lutavam contra o antigo regime. A primeira versão foi publicada, em 1946, sob o título de «Marchas, Danças e Canções – próprias para grupos vocais ou instrumentos populares». Foi apreendida pela Censura o que impediu que os poemas fossem ouvidos e cantados em espectáculos ou sessões públicas, como até então. Contudo, muitos resistentes continuaram a cantar as canções nos encontros clandestinos ou nos países onde se encontravam exilados. Em 1960, surge uma  colecção, mais alargada, com o nome de «Canções Heróicas, Dramáticas, Bucólicas e Outras». A nova edição destinava-se a celebrar o 50º aniversário da implantação da República e foi divulgada com grandes precauções, num meio muito restrito de pessoas. Finalmente, a versão final ficou conhecida por «Canções Heróicas».
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http://cvc.instituto-camoes.pt/poemasemana/05/02.html
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Lopes Graça

Juntamente com os poetas José Gomes Ferreira, João José Cochofel, Carlos de Oliveira, entre outros, compõe as Canções Heróicas, cantadas em defesa da paz e ...
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    Canciones de Canções Heróicas / Canções Regionais Portuguesas

  1. CANÇÕES HERÓICAS: Acordai (02' 08'')
  2. Jornada (01' 13'')
  3. Mãe Pobre (01' 52'')
  4. Convite (01' 06'')
  5. Firmeza (01' 26'')
  6. Cantemos o Novo Dia (01' 28'')
  7. Combate (02' 00'')
  8. Ronda (01' 52'')
  9. Livre (01' 32'')
  10. Canto da Esperança (02' 19'')
  11. Canto de paz (02' 46'')
  12. Canto Livre (03' 02'')
  13. Clamor (01' 33'')
  14. Ó Pastor que Choras (01' 22'')
  15. Canção de Catarina (01' 47'')
  16. As Papoilas (01' 14'')
  17. Canção do Camponês (02' 38'')
  18. Quando a Alegria for de Todos (01' 09'')
  19. Não te Deites Coração (01' 19'')
  20. Hino do Homem (01' 37'')
  21. CANÇÕES REGIONAIS PORTUGUESAS: Nossa Senhora das Preces (01' 54'')
  22. Lá em Sta. Iria (01' 31'')
  23. Nem contigo nem sem ti (02' 06'')
  24. S. João Adormeceu (03' 26'')
  25. Andorinha Gloriosa (01' 35'')
  26. Quatro Laços da Dança dos Paulitos (02' 15'')
  27. Fui-te ver, 'stavas lavando (02' 23'')
  28. Anda Duermente Niño (01' 02'')
  29. Oração de Sto. António (02' 18'')
  30. Ai de Mim Tanta Laranja (01' 51'')
  31. Moradoras Desta Casa (01' 12'')
  32. Deus Te Guarde, Pastorinha (03' 16'')
  33. Vai Colher a Rosa (02' 10'')
  34. Milho Verde, Milho Verde (01' 50'')
  35. Senhora do Livramento (01' 45'')
  36. Sete varas tem (02' 44'')
  37. Tascadeiras do Meu Linho (01' 45'')
  38. Ó Senhora do Amparo (02' 19'')
  39. Passarinha Trigueira (02' 02'')
  40. À Moda da Rita (03' 04'')
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