domingo, 14 de março de 2021

dois poemas de Filipe Chinita em 2013

* Filipe Chinita
14 de março de 2013  
· 
enfim 
tens de aguentar tudo.
do desemprego a tudo o mais. aguenta rapaz.
a gente quer lá saber.estamos muito 
ocupados. desculpa aí 
qualquer coisinha.
não precisamos de ti...
estamos aqui nós... e temos prá'aí 
uns desempregados.uns já reformados.
que vão trabalhando 
pro-buono. 
ou não.
estás velho rapaz. já para nada serves.
governa-te... que 
aqui não tens 
lugar
.
fj


14 de março de 2013  · 

a demência do tempo.
e assim passam os meses como se nada fossem. 
como se o tempo não existisse. 
é para setembro! 
afinal não, é 
para logo 
após!
mas setembro passa, e nada.
mas outubro passa, e nada.
mas novembro passa, o importante novembro, e nada.
e nada te dizem.
mas dezembro passa, e nada.
é já um novo ano... mas nada 
te dizem
mas janeiro passa, e nada.
fevereiro passa, e nada.
e é já março, e nada. 
nada te dizem. nem 
uma só  palavra. 
pois, para quê
se tens.temos 
todo o tempo do mundo.
deste e do outro, 
também, 
reflicto 
eu.
depois de mortos somos todos bem melhores do que em vida.
e claro, preocupações com os outros 
que em tudo isto 
envolveste
só tu 
tens. 
que mais não sabes. não tens
o que dizer-lhes. porque 
vergonha na cara
tens.
simplesmente não entendes 
como possam trabalhar assim.
como possam proceder assim.
e depois queixam-se...
e o culpado 
és 
tu
que és uma mariola e não sabes esperar...
o tempo revolucionário é quase sempre um só.
e não uma interminável fila de pontos de nada
que ao lado algum levam
senão à mais total
inacção.
ah, mas estão muito ocupados. como sempre aliás.
é por isso que não sabem ver.sentir.pensar 
o estado do(s) outro(s). 
demencial, 
(não) 
é... 
eu também acho que sim.
como conseguir aguentar estoicamente 
com um sorriso nos lábios
como se nada fora. 
tarefa de falsos.
que aqui se não 
cumpre
.
fj

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