aldinaduarte - site (1967)
.* solaberto
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agosto 10, 2004
100º Artigo!
Não é sobre o facto de estar a escrever o 100º artigo do meu blog, que decidi escrever, mas para comentar os vários blogs que tenho visitado ultimamente que me têm deixado triste, e que ao mesmo tempo confirmam as minhas suspeitas.
A maioria são raparigas, mais ou menos da minha idade, e todas escrevem mais ou menos bem, expressam a grande tristeza e sobretudo a grande solidão que sentem, e sobre isso quero falar!
Hoje numa de vaguear pelo deserto televisivo, encontrei o programa de conversa de Ana de Sousa Dias (nunca vi mulher tão calma e serena e de uma cultura extraordinária!) a convidade era a fadista Aldina Duarte, de quem nunca ouvi falar...
Bem na conversa percebi que afinal não estou sozinha na maneira de pensar e nos valores por que me rejo. De muitas lições belas de vida que contou, retive que "a solidão não é estarmos sozinhos, mas sim não termos ninguém para partilhar"!
Outras das pérolas que ouvi: " Não sou eu que sou especial, mas sim as coisas em que acredito e defendo". Ao ouvir descobri que afinal não estou verdadeiramente sozinha, ela tal como eu, tem um Deus religioso só dela, inventado por ela. Uma alma gémea !
E depois ao visitar certos blogs, descubro que afinal a solidão é uma doença que atinge mais violentamente do que se pensa, e que a juventude, apesar de ter os seu circulo de amigos e colegas de escola, está cada vez mais sozinha e sem referências. Pensamentos como o suicidio e como a auto-multilação são descritos como momentos belos e necessários para continuarem a viver, pedem para morrer! Eu pergunto onde estarão os pais e os educadores que não OLHAM para estes problemas e não compreendem estas lacunas?
A esperança não abunda no coração dos jovens e é pena sentir e ler isso. Os blogs que visitei descrevem situações horríveis vividas em casa e são proporcionadas pelos próprios pais: discussões, maus tratos, e até pressões psicológicas.
Fiquei tão triste ao ler certas coisas, tocaram-me fundo, deve ser por isso que sonhei a noite toda com focas e àgua. Ao menos sonhei com coisas bonitas.
Adorei mesmo ter visto a entrevista com aquela fadista, achei-a uma pessoa bonita, diria mesmo linda por dentro! Hoje em dia é tão dificil encontrar pessoas assim! Eu anseio encontrar cada vez mais pessoas destas, mas confesso que é dificil!
Esta chuva que não nos larga e não me dá vontade para fazer nada, nem sair nem nada! Que ricos dias eu escolhi para tirar férias, mas também este ano acho que nada me sai direito, nem as férias! Bem, espero que este tempo melhore e que a minha disposição também! Estes dias têm servido para pensar naquilo que irei fazer daqui para a frente e já cheguei a uma conclusão! Só espero ser o caminho certo! Bejos Godos!
Posted by solaberto at agosto 10, 2004 09:10 PM.
ou
Diario Bordo de uma Vida (quase) Perdida
Em qualquer aventura o que importa é partir, não é chegar!
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Saturday, September 11, 2004
Aldina Duarte
Aldina Duarte editou primeiro CD de fado tradicional em 2004. A fadista percebeu, aos 20 anos, que nunca tinha visto uma vaca. "Como é possível nunca ter visto realmente uma vaca?", pergunta, desfeita numa gargalhada afinada. "Fui logo a Sintra". A vida da fadista, que já trabalhou num centro de paralisia cerebral, no arquivo da editora EMI, no teatro e na Cinemateca, é feita disto: de questões que não pára de se colocar, de desafios que o medo não impede de vencer. "Sou insegura. Mas não deixo de arriscar". Visitou uma casa de fados aos 24 anos e percebeu que era aquilo que tinha procurado a vida toda. "Não sei o que é alma de fadista. Mas sei quando ela aparece.E sei que ela vive em mim". A confissão, dita com o rigor das certezas absolutas, não anula os tremores que sente quando sobe ao palco."Sei muito pouco da calma. Tenho pena, mas não está no meu carácter. Deus permita que nunca deixe de cantar". Aldina é o fado que canta.
no Jornal de Notícias, em 11 de Setembro de 2004)
Na adolescência já ouvia fado?
Ouvia os cantores de intervenção. Já os associava à revolução?
Acreditava neles como veículo de mudança?
No entanto, não foi a música a primeira expressão artística a seduzi-la...
A paixão pelo fado explica-se pelo peso que dá à palavra?
Tinha 24 anos quando entrou numa casa de fados pela primeira vez...
Nessa altura, trabalhava num centro de paralisia cerebral.
Quando decidiu que não queria só ouvir fado, que também experimentá-lo?
Sempre teve amigos mais velhos?
As Noites da Comuna abriram-lhe portas?
Não teve medo de sugerir a Carlos do Carmo que queria gravar um disco?
Como uma espécie de estágio?
Resistindo sempre à vaga do fado novo e insistindo nas suas próprias letras...
"Apenas o amor" é um compêndio de músicas tristes. Mas o fado não tem que ser triste...
O advérbio do título, "apenas", contém alguma ironia?
Por que é que diz que o fado apurou a sua sensibilidade para as pessoas?
Gostava que o fado tivesse o peso interventivo que tiveram os discos que ouve desde os 12 anos?
Confissões
Vai desistir da tranquilidade?
"Quando meto uma coisa na cabeça, vou até ao fim. E meti na cabeça que hei-de viver grandes emoções sem perder a serenidade. Revejo-me mais na adrenalina" - na adrenalina dos cheiros que experimentou em Marrocos, no movimento do Rio de Janeiro -, "mas sei que preciso de procurar a serenidade." Sabe que ainda não completou o caminho. "Quanto menos sei, mais medo sinto. Estou a meio do meu caminho".
"Sonho atrair pessoas para o fado"
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Entrevidas
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