NA ECONOMIA
NEOLIBERAL, QUE QUEREM PPD-PSD, IL & CHEGA, O 'ESTADO SOCIAL' DESAPARECE,
OS POBRES VÃO FICAR AINDA MAIS POBRES E DESPROTEGIDOS, E OS RICOS AINDA MAIS
RICOS...
- salienta
Alfredo Barroso, recordando o que foi o estrondoso fracasso da economia
neoliberal no Chile, durante a sangrenta ditadura militar do general Augusto
Pinochet, expressamente apoiado e aconselhado por Milton Friedman e Friederich
Hayek, teóricos do neoliberalismo
«A
contra-revolução neoliberal é essencialmente antidemocrática» – afirmou o
economista norte-americano (Prémio Nobel) Paul Krugman. De facto, nenhuma
maioria de eleitores desejaria ver reduzida a quase nada a cobertura social que
protege a generalidade dos cidadãos. Isso nunca. Por isso mesmo, o único meio
de forçar a mão do povo é levá-lo a acreditar que não há alternativa
Na sua obra
«Capitalism and Freedom», o economista neoliberal norte-americano Milton
Friedman ousa afirmar que, como a obtenção do lucro é a essência da democracia
neoliberal, todo o governo que conduza políticas que contrariem o mercado está
a portar-se de forma antidemocrática, sendo irrelevante o apoio de que goze por
parte da maioria de uma população esclarecida.
Foi esta visão
absolutamente perversa da democracia que fez com que ele próprio e Friederich
Hayek manifestassem o seu apoio ao golpe de Estado do general Augusto Pinochet,
no Chile – que depôs, em 1973, o governo democraticamente eleito do presidente
Salvador Allende, dado que este estava a interferir com o controlo dos negócios
da plutocracia da sociedade chilena.
Hayek foi mesmo
ao ponto de declarar, em defesa do indefensável Pinochet, o seguinte:
«Pessoalmente, prefiro uma ditadura liberal a um governo democrático
completamente alheado do liberalismo». Foi essa 'ditadura liberal', brutal e
selvagem, que os 'Chicago boys' - os discípulos de Milton Friedman - ajudaram a
sustentar durante 15 anos, transformando o Chile num laboratório experimental
das políticas neoliberais preconizadas por Hayek e Friedman.
Entretanto,
ficou a saber-se que Friedrich Hayek, o ‘profeta’ venerado pelo general
Pinochet e por Margaret Thatcher, não quis visitar os EUA em 1973 – a convite
do milionário norte-americano Charles Koch, um dos pilares do desmantelamento
do Estado-Providência – por ter medo de perder os seus direitos à Segurança
Social no seu país, a Áustria. De facto, Hayek – que nos seus discursos e
palestras proclamava que a Segurança Social é «essencialmente um absurdo» que
urge banir – explica com todo o detalhe, na correspondência que trocou com
Charles Koch, os benefícios sociais a que tinha direito, e que não queria
arriscar-se a perder ausentando-se da Áustria.
Para além da
hipocrisia pessoal, o que aqui se manifesta é a hipocrisia de um discurso que
consiste em fazer crer às pessoas que aquilo que se pretende é apenas proteger
a sua ‘responsabilidade’ e a sua ‘liberdade de escolha’ – quando, afinal, são
despojadas dos seus direitos sociais e do seu dinheiro para encher os bolsos da
ínfima minoria dos mais ricos do planeta, sem nunca chegarem a ter qualquer
‘liberdade de escolha’ por mais responsáveis que sejam.
Também se
tornou patente que o sistema neoliberal gera um perigoso e inevitável
subproduto: uma cidadania despolitizada, caracterizada pela apatia e pelo
cinismo. O neoliberalismo é, na prática, o primeiro e mais perigoso inimigo de
uma genuína democracia participativa. É claro que actua melhor quando existe
uma democracia eleitoral meramente formal, mas precisa que a população seja
desviada das fontes de informação e dos debates públicos que a habilitem a
formar opinião e a intervir nos processos de tomada de decisão.
A partir da
noção crucial de «mercado über alles» – «mercado em todo o lado» – a democracia
neoliberal cria ‘centros comerciais’ em vez de espaços comunitários e produz
‘consumidores’ em vez de cidadãos. E o resultado prático é uma sociedade
atomizada, constituída por indivíduos desenraizados que se sentem
desmoralizados e socialmente impotentes.
2024 02 08
ALFREDO
BARROSO, no seu livro «Corações de Pedra - a maldição neoliberal» (Porto
Editora, 2017)
https://www.facebook.com/somera.simoes
- "Não vejo porque precisamos ficar parados e assistir um país tornar-se comunista por causa da irresponsabilidade do seu povo. As questões são muito importantes para deixarmos os eleitores chilenos decidirem por si mesmos."
- - Sobre o apoio dos EUA ao golpe que derrubou Salvador Allende, presidente democraticamente eleito do Chile, em 11 de setembro de 1973.
- - citado em Richard R. Fagen, "The United States and Chile: Roots and Branches", Foreign Affairs, January 1975.
- - Sobre o apoio dos EUA ao golpe que derrubou Salvador Allende, presidente democraticamente eleito do Chile, em 11 de setembro de 1973.
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