* Carlos Coutinho
MAIS números dantescos que não consigo suportar em paz comigo mesmo: duas mães morrem por hora em Gaza e uma criança a cada 10 minutos, assim como 45 mil mulheres grávidas e à beira da inanição continuam a amamentar os seus bebés com o magro leite que ainda logram segregar.
Os EUA sabem, mas assobiam para o lado e apenas invocam a litania dos direitos humanos e dos valores quando se trata de condenar inimigos como a Rússia, a China ou o Irão. Com Israel já a música é outra.
Qualquer condenação, seja por quem for, é rotulada de antissemita e desprezível, o que tanto vale para desvalorizar a histórica decisão do Tribunal de Justiça das Nações Unidas que determinou medidas concretas para aliviar tanto a crise humana na Faixa de Gaza como, por exemplo, para condenar o despedimento de Laurie Anderson afastada da cátedra de Pina Bausch, na Universidade de Folkwang para as Artes, em Eeesn, por ter subscrito, em 2021 uma “Carta Contra o Aparteid” lançada por artistas palestinianos.
Por seu lado, a União Europeia, apressou-se a condenar a agência das Nações Unidas de apoio aos palestinianos, por se suspeitar que 12 deles, apenas 12, em 13 mil funcionários da UNRWA em Gaza, podem ter participado nos ataques do Hamas.
Até o espanhol pró-israelita “El País” dizia em editorial no mês passado que a suspensão das contribuições para a agência da ONU para os refugiados palestinianos não castigo o Hamas, mas todos os civis, “abandonados por muitas das democracias mais poderosas do mundo”.
Asfixiar a UNRWA, concretiza, tal como sugerem os governos dos EUA, Reino Unido, França. Japão ou Austrália, significa asfixiar especialmente a população de milhão e meio de palestinianos presa em Gaza, a quem já tudo foi cortado no que respeita a suportes de vida.
De facto, estamos a assistir a um genocídio, o aniquilamento de uma população fechada num território donde não pode sair e está sem água, alimentação, medicamentos, condenada a morrer à fome ou durante um bombardeamento. Estamos a assistir à tragédia de um povo expulso das suas terras em 1948 e em 1967 e que alguns em Israel, até no governo, defendem que agora deve ser novamente expulso.
Para o Congo, o que lembra o plano nazi de deslocação de judeus europeus para Madagáscar em 1940.
Até isso aprenderam com os seus carrascos de Auschewitz.
2024 02 14
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