Câmara Pereira: “Não vejo
diabolização nenhuma em aceitar o apoio do Chega”
Líder do PPM vai entrar na
campanha da AD na próxima semana, mas não sabe se irá participar na caranava da
coligação pré-eleitoral ao lado de Luís Montenegro e de Nuno Melo.
23 de Fevereiro de 2024, 18:34
Câmara Pereira: “Não vejo
diabolização nenhuma em aceitar o apoio do Chega”
Gonçalo da Câmara Pereira praticamente só ainda entrou na campanha eleitoral
através de declarações por si feitas no passado. Apesar de o PPM, que lidera,
integrar a AD, Câmara Pereira não conta integrar a caravana da coligação, mas,
se " for chamado a fazer actividades", irá participar "com
certeza".
Tem estado afastado da pré-campanha da
Aliança Democrática (AD), embora seja um dos três líderes da AD. Foi
silenciado?
A mim ninguém me manda calar.
Quero ser uma pessoa útil à coligação, mas não me quero pôr em bicos de pés
porque essa não é a minha postura. Assinámos um acordo com a Aliança
Democrática em que consideramos o doutor Luís Montenegro o nosso líder, o meu líder.
Ele é que tem de ser o porta-voz, é ele que dirige a coligação. Se for preciso
fazer alguma acção [de campanha], se me pedirem, com certeza que estarei
disponível. Acho mais importante ser útil do que ser importante. Eu não quero
ser importante, quero ser útil.
Disse que iria participar na campanha oficial da AD, nomeadamente no círculo
de Lisboa, pelo qual concorre. A campanha arranca domingo, quando é que se vai
juntar a Luís Montenegro?
Estou na Madeira em campanha para apoiar o candidato do PPM [Paulo Brito] e
espero na terça ou quarta-feira começar as minhas actividades na campanha.
Vai integrar a caravana da AD?
Não sei se é integrar a caravana, mas se
for chamado a fazer actividades vou com certeza. Neste momento, prefiro andar
nas associações a falar com as pessoas e ver o que nós poderemos fazer para
mudar o país.
E é esse papel que vai assumir a partir de agora?
Sim, talvez seja esse o meu
papel. Quero ser útil a fazer outras acções, como comunicação com organizações
e com instituições e vou fazê-lo. É talvez mais importante neste momento focar
a posição do doutor Luís Montenegro, porque ele é que vai ser primeiro-ministro.
Estive uma vida inteira em palco como actor – o palco para mim não me é
estranho –, mas nunca fui segunda figura, fui sempre uma primeira figura em
palco.
A ausência na pré-campanha da
AD é uma opção sua ou está a ser mantido à margem por causa das posições
machistas que revelou num programa televisivo?
Não tem nada que ver uma coisa com a
outra. Ao fim destes anos todos fui aceite como um actor por excelência. Fiz um
programa em que fiz aquele boneco – como chamamos em teatro – durante 10 anos
para divertir as pessoas e hoje em dia o boneco do palco passou para a minha
vida privada. Ora, isto é de um bom actor. Nesta questão do machismo, o que
aconteceu foi que agora trouxeram isto para a política e para a vida real, e
isso é de quem não sabe o que é o teatro ou desconhece completamente o que é a
cultura.
O secretário-geral do PS
mostrou disponibilidade para viabilizar um governo minoritário AD. Como
presidente do Partido Popular Monárquico (PPM), agradece a disponibilidade do
líder socialista?
Com certeza, desde que viabilize o governo para mudar o paradigma da política
em Portugal. Não vejo diabolização nenhuma em aceitar o apoio do Chega. Não
vejo aqui mal nenhum. Não se justifica!
Na sua opinião, a AD devia
viabilizar um governo minoritário do PS?
Isso é com o doutor
Luís Montenegro, mas, se for eleito deputado, com certeza que não me
importarei nada de viabilizar qualquer governo minoritário. O que é preciso é
que Portugal tenha estabilidade. Não concordei com a queda do Governo de Pedro
Santana Lopes nem com o de António Costa.
Luís Montenegro já disse que
não governará com o Chega. Concorda?
Estou na coligação
com o doutor Luís Montenegro e se ele tomou essa posição eu estou ao lado
dele.
O PPM ainda é um partido para ser levado a
sério?
Quem quiser levar a sério, leva, temos
essa liberdade. O PPM tem um programa, é um partido ecologista e ambientalista,
mas não é um partido revanchista, que entre em guerras. Temos Os Verdes, que
aproveitam o ambiente e a ecologia para fazer guerra, a favor do PCP; temos o
PAN, que faz guerra permanente a favor do PS. Mas nós não. Nós queremos
construir uma sociedade mais ecológica, mais ambientalista e mais amiga de
todos.
Há uma coisa engraçada, os jovens
não votam no PPM, mas têm hoje em dia uma postura muito de acordo com o nosso
programa, que é viver numa comunidade em que não se faça guerra nem à economia
nem à política.
O PPM está para a AD como Os Verdes estão
para o PCP?
Não. Porque eles aproveitam o
ambiente e a ecologia para fazerem guerra política e nós não queremos fazer
guerra política. O que queremos é induzir ideias dentro do programa e soluções
que respondam à agressividade do dia-a-dia, o que é completamente diferente.
O partido a que preside está reduzido à
família Câmara Pereira?
O PPM é um partido que defende a
família e há muitos militantes dentro da família. Se defendesse oficialmente a
família e não defendesse a minha, não estava cá a fazer nada.
O PPM não pode ser considerado
como um partido dinástico?
Não. O PPM é um partido
monárquico. Já o PS é um partido dinástico. Há a dinastia de António Costa com
o seu filho [Pedro Costa], que preside à Junta de Freguesia de Campo de
Ourique, e a dinastia de Carlos César [que foi presidente do Governo Regional dos
Açores] e do seu filho, Francisco César, que encabeça a lista de candidatos a
deputados do PS nos Açores.
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