domingo, 7 de fevereiro de 2010

Francisco Melo fala da Biblioteca Avante!




Francisco Melo fala da Biblioteca Avante!
Livros de resistência e revolução

Em vésperas do lançamento do primeiro título da sua nova colecção, o director das Edições Avante!, Francisco Melo, revela um pouco do conteúdo e da importância da Biblioteca Avante!. Dezassete Instantes de uma Primavera, de Iulian Semionov, é o primeiro livro e sai na próxima semana com o Avante!.
.As Edições Avante! lançam, a partir do próximo dia 4, uma nova colecção, a Biblioteca Avante! Que se pode esperar desta colecção? Quais os seus objectivos?
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Com as derrotas dos países socialistas do Leste europeu os aparelhos ideológicos dominantes têm vindo a desencadear de forma sistemática uma poderosa e ampla operação ideológica visando, nas suas variadas gradações formais, ocultar, deturpar, denegrir e mesmo criminalizar (como exemplos recentes evidenciam) o papel histórico dos comunistas na luta dos povos contra a exploração capitalista e pela liberdade, pela democracia e pelo socialismo. É natural que assim procedam: propriedade da burguesia dominante e logicamente ao seu serviço, é-lhes intolerável a acção presente e passada dos comunistas, fundada e norteada por um projecto de transformação revolucionária da sociedade que põe em causa a dominação de classe da burguesia e revela o carácter historicamente transitório do seu reinado.
A dedicação e a fidelidade aos ideais de que os comunistas deram provas na defesa dos interesses dos trabalhadores, na luta dos povos pela sua liberdade e independência e contra os regimes fascistas e nazis de perseguição, terror e morte têm que ser por esses aparelhos ideológicos apagados e aviltados. A Biblioteca Avante! tem exactamente por objectivo repor a verdade histórica da abnegada e exaltante luta dos comunistas em todo o mundo, através de formas literárias diferenciadas mas expressando esse comum objectivo.
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Que podes adiantar acerca deste primeiro livro, Dezassete Instantes de Uma Primavera?

Como se diz em nota do editor, Iulian Semionov foi um popular escritor da União Soviética. Professor de línguas orientais na Universidade de Moscovo, foi também repórter, tendo publicado no jornal Pravda reportagens sobre o Vietname, Cuba, Japão, Estados Unidos, etc. Criou para os seus romances um personagem que tornou popular em vários países – o agente de espionagem coronel Maxim Isaiev (de pseudónimo Justas, ou Standartenführer SS von Stierlitz) herói de várias outras novelas, além de Dezassete Instantes de Uma Primavera: Brilhantes para a Ditadura do Proletariado, Não É Necessário Contra-Senha, Variante Espanhola, O Major Tornado, Uma Bomba para o Senhor Presidente e Alternativa.
As aventuras do herói de Semionov situam-se no quadro da luta dos povos contra a guerra e o terror nazi, o que lhe confere grande autenticidade (não por acaso o autor disse do seu personagem de ficção numa entrevista que ele era «a síntese de várias figuras muito reais»). No romance que agora se publica, o agente de espionagem Maxim Isaiev introduz-se na macabra e desumana máquina nazi, torna-se destacado colaborador das tropas SS e penetra no segredo das tentativas hitlerianas para criar com americanos e ingleses uma coligação voltada para a continuação da guerra contra a URSS e os povos da Europa…
Deste livro foi feita uma série de televisão que conheceu grande êxito em vários países e que certamente também o teria conhecido no nosso País não fora o processo contra-revolucionário do 25 de Novembro que impediu a sua passagem na televisão portuguesa.
Saliente-se que este livro se publica quando se comemora o 65.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial e da vitória sobre o nazi-fascismo. É assim também uma forma de homenagear todos quantos lutaram e deram as suas vidas para libertar a humanidade do terror nazi e de recordar quem teve o papel decisivo na sua derrota: o povo da União Soviética que deu a mais importante contribuição militar e suportou o pesado sacrifício de 20 milhões de mortos.
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Podes adiantar-nos qual é o próximo título a publicar?
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Vamos antecipar a publicação de um livro que estava previsto para mais tarde, mas que dada a tragédia que se abateu sobre o povo do Haiti faz todo o sentido editar neste momento: trata-se de Governadores do Orvalho, de Jacques Roumain, activo lutador contra a ocupação norte-americana do Haiti e fundador do Partido Comunista do Haiti. O povo haitiano, que no passado viveu os horrores da escravatura e do neocolonialismo, dá-nos, através da pena de um dos seus filhos prematuramente falecido, uma obra-prima de exaltação da fraternidade, da entreajuda dos homens para o bem comum.
Avante Nº 1887
28.Janeiro.2010

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