Assunto: | BONECA DE TRAPOS |
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Data: | 7/Fev 15:44 |
COMO UMA NOTA DE MÚSICA QUE DE SÚBITO FOGE DE UMA SINFONIA, O SUSPIRO PASSA DO PEITO Á GARGANTA E, LIGEIRO, ENTRE OS LÁBIOS SE ESGUEIRA...AH! SUSPIRO...ESPELHO DO MEU CANSAÇO...SUJEITO DESTA TRISTEZA...OPRIMIDO DO MEU SER, FUGIU... PELA SALA ESVOAÇA FEITO UMA TRAÇA,ESTONTEADO, QUASE CEGO PELA SÚBITA LUZ, MAS FINALMENTE EM PAZ. OLHA PARA MIM EM SURPRESO ESPANTO...QUANTA NOITE...QUANTO PRANTO...BONECA DE TRAPOS LARGADA NO CHÃO, DEIXADA...TROCADA...PEDAÇO DE NADA...ARREMEDO DE SER QUE NEM ALMA TEM....POIS SE A TIVESSE NÃO ERA BONECA...SERIA MULHER, COMO FOI UM DIA.... E ELE SERIA SUSPIRO SIM, MAS DE SENTIDO AMOR. NÃO DE AMOR QUEBRADO...NÃO DE AMOR VENCIDO E NEM TORTURADO... AMOR DOS QUE MATAM O GESTO E A VOZ, JOGAM FORA A ALMA, TOLDAM O OLHAR DE LÁGRIMAS ROUCAS DE TANTO GRITAR,ATIRAM AO AR OS RESTOS QUE FICAM...E É QUANDO SE CAI QUE JÁ NADA SOMOS...BONECA DE TRAPOS... O SUSPIRO RODA, EM CÍRCULOS FECHADOS...NEM SEQUER TEM PARA ONDE IR,MAS NÃO OUVE E NEM SENTE OS GRITOS DE DÔR...AS GARRAS DE UM MEDO QUE É SEMPRE MAIOR...POUSA ENTÃO, CANSADO, SOBRE UM MONTE DE TRAPOS, SEM FORMA NEM CÔR...EM ANEXO UM BEIJO!
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Distribuído por Moranguinho Pereira (hi5)
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POEMA DUM FUNCIONÁRIO CANSADO . A noite trocou-me os sonhos e as mãos dispersou-me os amigos tenho o coração confundido e a rua é estreita estreita em cada passo as casas engolem-nos sumimo-nos estou num quarto só num quarto só com os sonhos trocados com toda a vida às avessas a arder num quarto só Sou um funcionário apagado um funcionário triste a minha alma não acompanha a minha mão Débito e Crédito Débito e Crédito a minha alma não dança com os números tento escondê-la envergonhado o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente e debitou-me na minha conta de empregado Sou um funcionário cansado dum dia exemplar Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever? Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço Soletro velhas palavras generosas Flor rapariga amigo menino irmão beijo namorada mãe estrela música São as palavras cruzadas do meu sonho palavras soterradas na prisão da minha vida isto todas as noites do mundo numa só noite comprida num quarto só.
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. ANTÓNIO RAMOS ROSA
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Textos e Obras Daqui e Dali, mais ou menos conhecidos ------ Nada do que é humano me é estranho (Terêncio)
domingo, 7 de fevereiro de 2010
Poema dum funcionário cansado - António Ramos Rosa
Etiquetas:
António Ramos Rosa,
Moranguinho Pereira,
Poesia
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