Assunto: | RE: O que pensarás de mim? |
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Data: | 10/Fev 14:00 |
Nenhum oráculo o predissera ainda e no entanto natural e discreto mas novo e excepcional tudo fluiu como o tempo Ninguém traçara aquela encruzilhada e todavia encontrámo-nos fazendo ali confluir os nossos caminhos O próprio deus ao ver traída a ordem das coisas deve ter encolhido os indolentes ombros . Na recíproca busca as bocas engoliram todas as palavras e foram mordendo cada vez mais fundo a mútua novidade . E recomeçaram insistiram remexeram toda a areia da ilha do tesouro e nunca se desiludiram porque iam encontrando ou construindo ilusão após ilusão cientes ou esquecidas de que o tesouro não mora naquela ilha não mora certamente em nenhum arquipélago da via láctea ........................................................ E quando o teu atlas se abriu pairaram os meus dedos como águias sobre o pergaminho da paisagem a estudar as fáceis planícies os meandros dos álveos escondidos os recortes caprichosos as tépidas enseadas Demorei-me em cada colina -------------- em cada coluna que encontrei lá no topo rodeei-as vezes sem conta até entontecermos eu e as colunas elas crescendo sobre plintos róseos eu comprazendo-me na própria vertigem . Depois só sei que segui viagem só sei que se fez voragem que andei perdido por labirintos ----------- por lábios íntimos que me entranhei pelas florestas ----------- com flores de giestas e que caí nos nos teus vesúvios --------------- nos teus eflúvios ---------- em mares tão dúbios que já nem sei rememorar a minha história a nossa história ------------------ até ao fim . Recordo apenas que no final deste princípio te ouvi dos lábios macerados esta pergunta apreensiva ------------- O que pensarás de mim? . Respondo agora . ------------- De ti não penso nada ------------- Só sei que penso em ti Anthero Monteiro Espinho, 8 de Setembro 1998 |
Enviado por ♥Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ♥ Feяmina -
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