quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O lugar da casa - Eugénio de Andrade

Assunto: ATÉ JÁ...
Data: 10/Fev 15:13
TUAS MÃOS SÃO BRISA, SÃO ACONCHEGO, TENHO-AS COLADAS EM MIM...MEUS DEDOS PASSEIAM NOS TEUS CABELOS...SINTO A SUAVIDADE DAS PENAS...NÃO QUERO PARAR...CONTINUO NELES PASSEANDO, DESCOBRINDO TODOS OS SEUS CAMINHOS...E ANDO, ANDO, ANDO...SEI QUE NUNCA EXISTIRÁ FIM. QUERIA QUE CHEGASSES AO CÉU E ME TROUXESSES UMA ESTRELA PARA ENFEITAR OS MEUS CABELOS...MINHAS MÃOS, ORA EM CARINHO, ORA EM BRASA, TE DERAM O BILHETE DE PARTIDA...O RELÓGIO CORREU DEPRESSA DEMAIS...COMO DIZER-SE EM DUAS OU TRÊS PALAVRAS SENTIMENTOS ONDE CABE A ETERNIDADE, OU FALAR COMO POR VEZES O SONHO É POBRE....A REALIDADE NOS OFERECE O AMOR MAIOR...TANTO FICOU POR DIZER, POR FAZER...FICARÁS DENTRO DE MIM...OS MOMENTOS SOMAM DIAS...E TEU OLHAR, IMENSO COMO O VERDE MAR, SERÁ O FAROL DA MINHA SAUDADE...CORRE, TEMPO, CORRE, QUE A ESPERA ME PISA O CORAÇÃO. PARA TI, SÓ UMA FRASE ONDE CABE TODO O MEU IMENSO QUERER...ATÉ JÁ...EM ANEXO UM BEIJO!
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Distribuído por Moranguinho Pereira  (hi5)
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O LUGAR DA CASA
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Uma casa que fosse um areal
deserto; que nem casa fosse;
só um lugar
onde o lume foi aceso, e à sua roda
se sentou a alegria; e aqueceu
as mãos; e partiu porque tinha
um destino; coisa simples
e pouca, mas destino:
crescer como árvore, resistir
ao vento, ao rigor da invernia,
e certa manhã sentir os passos
de abril
ou, quem sabe?, a floração
dos ramos, que pareciam
secos, e de novo estremecem
com o repentino canto da cotovia.
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EUGÉNIO DE ANDRADE
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