SONETO DA AUSENCIA MAIOR
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Agora me acostumarei com a ausencia ,triste!
Dos toques de teus dedos acariciando o meu corpo
Viverei com meu olhar longe na distancia , morto
Sentindo ,por certo, a angustia mais cruel que existe
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Acostumarei com a ausencia dos teus beijos
Que sempre se liberavam no ceu de minha boca
Sua lingua buscando a minha lingua ja quase louca
Que me queimava o corpo de tantos desejos
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Agora me acostumarei com as noites mal dormidas
Tendo minha propria sombra como companheira
Que ainda danca nas paredes em formas distorcidas
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Se perceber que meu coracao chora amargurado
Sentindo a ausencia de tua presenca verdadeira
Que me deixou completamente despedacado
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Ausência
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
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Soneto da separação
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De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
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De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
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De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
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Fez-se do amigo próximo o distante De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
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De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
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Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
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Soneto da Ausência
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A mão que disse adeus era um veleiro
no mar da solidão. O amor perdido
era um luar humilde e companheiro
do coração mais que do céu nascido.
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Dantes, a paz não fora o meu roteiro.
Sonhava, apenas. Nem jamais, ferido
pelo céu, pelo mar, vivera inteiro
o meu reino de luz, já proibido.
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Vi então que a alegria era um soluço
e o coração o mar e o céu cansados,
o coração há tanto adormecido.
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E hoje no adeus, lembrando, me debruço,
no adeus que é o grito dos desesperados
e o olhar febril de algum enlouquecido.
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Alphonsus de Guimaraens Filho
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[PDF]
POESIA (POUCO) DIAMANTINA — Doze sonetos inéditos alusivos
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Soneto XLV
Não estejas longe de mim um só dia,porque como,
porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei esperando como nas estações
quando em alguma parte dormitaram os trens.
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Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo
e talvez toda a fumaça que anda buscando casa
venha matar ainda meu coração perdido.
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Ai que não se quebrante tua silhueta na areia,
ai que não voem tuas pálpebras na ausência;
não te vás por um minuto, bem-amada,
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Porque nesse minuto terás ido tão longe
que eu cruzarei toda a terra perguntando
se voltarás ou se me deixarás morrendo
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Pablo Neruda
porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei esperando como nas estações
quando em alguma parte dormitaram os trens.
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Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo
e talvez toda a fumaça que anda buscando casa
venha matar ainda meu coração perdido.
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Ai que não se quebrante tua silhueta na areia,
ai que não voem tuas pálpebras na ausência;
não te vás por um minuto, bem-amada,
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Porque nesse minuto terás ido tão longe
que eu cruzarei toda a terra perguntando
se voltarás ou se me deixarás morrendo
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Pablo Neruda
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Soneto de Mal Amar
Invento-te recordo-te distorçoa tua imagem mal e bem amada
sou apenas a forja em que me forço
a fazer das palavras tudo ou nada.
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A palavra desejo incendiada
lambendo a trave mestra do teu corpo
a palavra ciúme atormentada
a provar-me que ainda não estou morto.
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E as coisas que eu não disse? Que não digo:
Meu terraço de ausência meu castigo
meu pântano de rosas afogadas.
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Por ti me reconheço e contradigo
chão das palavras mágoa joio e trigo
apenas por ternura levedadas.
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Ary dos Santos, in 'O Sangue das Palavras'
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Poemas de William Shakespeare
Soneto 57
Sendo-te escravo, que farei senãocuidar-te a tempo e horas do desejo?Não tenho ao tempo cara ocupação,Nem, sem que o peças, de servir ensejo..E não censuro a hora sem ter fimEm que as horas por ti, senhor, vigio,Nem penso a atroz ausência, amargo-a sim,Porque a teu servo deste um adeus frio..Nem ouso questionar em meu ciúmeOnde possas estar e o que é que fazes:Um triste escravo nada mais presumeSalvo onde estás, que a sorte a outrem trazes..Tão louco é amor que quer no teu Will(haja o que houver) nada pensar de vil.(versão de Vasco Graça Moura)---------------------------------Teu escravo, que mais poderei fazerQue sempre responder ao teu desejo?Nada me custa o tempo despender,Nem eu livre do teu querer me vejo..Nem maldigo o não-acabar dest' horaEm que eu, a vós submisso, o tempo meçoNem remoo na amarga demoraPor vosso adeus causada, em que me empeço..Nem pergunto, no meu ciúme imensoPelo que te ocupa nem onde estás.Assim, quieto escravo, em nada pensoMais que na alegria que a outros dás..Louco o amor, seja a tua vontadeComo for, nunca a terei por maldade..http://www.lovers-poems.com/poemas-de-amor-shakespeare-soneto57.html
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Aos afetos e lágrimas derramadas na ausência
da Dama a quem queria bem
Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertidos:
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Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando. cristal, em chamas derretido:
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Se és fogo, como passas brandamente?
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
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Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.
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Gregório de Mattos
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http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/brasil/gregorio_de_mattos.html
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