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Público - 05.02.2010 - Luís Miguel Queirós
Historiador alemão acha que mais valia publicar já uma edição comentada do livro de Hitler a esperar por 2015, quando qualquer editora neonazi o poderá reeditar
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Horst Möller, um investigador do Instituto de História Contemporânea de Munique, quer publicar uma edição comentada de Mein Kampf (A Minha Luta), de Adolf Hitler, argumentando que se poderia assim atenuar os efeitos das edições comerciais que previsivelmente surgirão nas livrarias a partir de 2015, data em que caducam os direitos da obra.
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Não é a primeira vez que Möller tenta organizar uma edição académica de Mein Kampf, mas tem sempre esbarrado na recusa do Ministério das Finanças do estado alemão da Baviera, que recebeu das forças aliadas, no pós-guerra, os direitos daquela que foi a mais importante editora do partido nazi, a Eher Verlag. Foi com esta chancela que saiu, em 1925, o primeiro dos dois volumes originais de Mein Kampf, que Hitler escrevera na prisão em 1923.
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A atitude da administração bávara tem sido a de não autorizar a edição da obra completa, quer na Alemanha, quer no estrangeiro, para não difundir a ideologia nazi. E Judith Steiner, porta-voz do estado da Baviera, já afirmou à revista Spiegel que a posição será mantida. No entanto, quando, em 2015, se cumprirem 70 anos sobre o suicídio de Hitler, a obra entrará mesmo no domínio público.
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Möller acredita que "uma edição académica poderia romper o mito peculiar" que rodeia a obra. Uma tese que muitos rejeitam.
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Wolfgang Benz, director do Centro de Persquisa para o Anti-Semitismo, acha a ideia "absurda" e pergunta: "Como é possível anotar um monólogo de 800 páginas que expõe a demente visão do mundo que era a de Hitler? A seguir a cada frase, ter-se-ia de escrever: "Hitler errou aqui", "aqui descarrilou completamente", e assim por diante". Benz nota ainda que os neonazis vão de qualquer modo reeditar a obra, a partir de 2015, e que "ninguém vai comprar uma edição académica cara quando pode pagar um par de euros numa editora de extrema-direita".
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Já o vice-presidente do Conselho Central de Judeus na Alemanha, Salomon Korn, acha que Mein Kampf não deve ser publicado muito antes de 2015, mas sobretudo por considerar "inaceitável" que "um tal livro saia com a aprovação do Estado enquanto estiverem vivos os que sofreram directamente o jugo nazi". Korn defende que deve ser feita uma edição académica, mas mais perto da data limite de 2015. E não acredita, de resto, que as previsíveis edições populares que irão surgir a partir desse ano venham a ter muita influência. "O livro é tão mal escrito, tem uma tamanha confusão de ideias ilógicas, que qualquer leitor sensível o porá de lado."
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Vermelho - 4 de Fevereiro de 2010 - 12h18
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Raim considera que, com uma nova edição, devidamente comentada, poderá ser evitado que grupos extremistas tenham como adquirir os direitos. Em "Mein Kampf", Hitler formulou as bases de sua ideologia nacional-socialista e ferventemente anti-semita, que após sua ascensão ao poder, em 1933, levaram ao Holocausto.
Fonte: EFE
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Horst Möller, um investigador do Instituto de História Contemporânea de Munique, quer publicar uma edição comentada de Mein Kampf (A Minha Luta), de Adolf Hitler, argumentando que se poderia assim atenuar os efeitos das edições comerciais que previsivelmente surgirão nas livrarias a partir de 2015, data em que caducam os direitos da obra.
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Não é a primeira vez que Möller tenta organizar uma edição académica de Mein Kampf, mas tem sempre esbarrado na recusa do Ministério das Finanças do estado alemão da Baviera, que recebeu das forças aliadas, no pós-guerra, os direitos daquela que foi a mais importante editora do partido nazi, a Eher Verlag. Foi com esta chancela que saiu, em 1925, o primeiro dos dois volumes originais de Mein Kampf, que Hitler escrevera na prisão em 1923.
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A atitude da administração bávara tem sido a de não autorizar a edição da obra completa, quer na Alemanha, quer no estrangeiro, para não difundir a ideologia nazi. E Judith Steiner, porta-voz do estado da Baviera, já afirmou à revista Spiegel que a posição será mantida. No entanto, quando, em 2015, se cumprirem 70 anos sobre o suicídio de Hitler, a obra entrará mesmo no domínio público.
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Möller acredita que "uma edição académica poderia romper o mito peculiar" que rodeia a obra. Uma tese que muitos rejeitam.
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Wolfgang Benz, director do Centro de Persquisa para o Anti-Semitismo, acha a ideia "absurda" e pergunta: "Como é possível anotar um monólogo de 800 páginas que expõe a demente visão do mundo que era a de Hitler? A seguir a cada frase, ter-se-ia de escrever: "Hitler errou aqui", "aqui descarrilou completamente", e assim por diante". Benz nota ainda que os neonazis vão de qualquer modo reeditar a obra, a partir de 2015, e que "ninguém vai comprar uma edição académica cara quando pode pagar um par de euros numa editora de extrema-direita".
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Já o vice-presidente do Conselho Central de Judeus na Alemanha, Salomon Korn, acha que Mein Kampf não deve ser publicado muito antes de 2015, mas sobretudo por considerar "inaceitável" que "um tal livro saia com a aprovação do Estado enquanto estiverem vivos os que sofreram directamente o jugo nazi". Korn defende que deve ser feita uma edição académica, mas mais perto da data limite de 2015. E não acredita, de resto, que as previsíveis edições populares que irão surgir a partir desse ano venham a ter muita influência. "O livro é tão mal escrito, tem uma tamanha confusão de ideias ilógicas, que qualquer leitor sensível o porá de lado."
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Cultura
Instituto quer publicar livro de Hitler, 70 anos após sua morte
O Instituto de Pesquisas Históricas (IFZ) da cidade de Munique se propôs a publicar na Alemanha uma nova edição de "Mein Kampf", de Adolf Hitler, pela primeira vez desde 1945, e coincidindo com os 70 anos da morte do ditador, em 2015.
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A intenção do IFZ é publicar uma edição comentada do livro, que está proibido desde a Segunda Guerra Mundial na Alemanha, informou nesta quinta-feira a rádio pública "Bayerische Rundfunk". Uma das historiadoras do instituto, Edith Raim, explicou à emissora que em 2015 terão prescrito os direitos de publicação do livro..
Raim considera que, com uma nova edição, devidamente comentada, poderá ser evitado que grupos extremistas tenham como adquirir os direitos. Em "Mein Kampf", Hitler formulou as bases de sua ideologia nacional-socialista e ferventemente anti-semita, que após sua ascensão ao poder, em 1933, levaram ao Holocausto.
Fonte: EFE
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