segunda-feira, 26 de maio de 2008

25 de Abril - «olhares» - «entrevistas» - «verdades» (26)

SOL








A reacção dos militares
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Críticas e elogios à guerra de Joaquim Furtado
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Os militares que fizeram a guerra em África e viram ontem a estreia do documentário da RTP dizem que ele é um marco para a História de Portugal. Mas Vasco Lourenço critica a falta de contextualização no arranque dos acontecimentos trágicos em Angola e Morais e Silva recusa condenar a posteriori a decisão de defender as colónias

Os militares que fizeram a guerra em África, ouvidos hoje pelo SOL, elogiam o valor histórico do documentário da RTP exibido terça-feira à noite, mas não deixam de fazer algumas críticas.

Críticas e elogios à guerra de Joaquim Furtado

O coronel Vasco Lourenço considera que «não foi dado um enfoque grande na contextualização da situação existente e dos porquês do início da guerra», referindo-se nomeadamente às pressões diplomáticas da altura contra os países colonizadores.

«O tempo de antena a Holden Roberto sem contraditório chocou-me. Teve uma posição extraordinariamente soft. Foi ele quem incentivou os actos e apareceu agora com uma imagem de quase santo», explicou.

Críticas e elogios à guerra de Joaquim Furtado

Também o coronel Matos Gomes considera o programa um «marco histórico», elogiando as imagens, que permitem ao espectador «entrar nos ambientes».

Em relação ao conteúdo, destaca «duas marcas muito fortes». Primeiro, «a completa irresponsabilidade, incompetência quase criminosa do governo de Salazar que estava avisado que os acontecimentos de 15 de Março em Angola poderiam ocorrer. Salazar é responsável por aquelas mortes, que ocorreram de forma selvagem e dramática».

Por outro lado, fica do primeiro episódio do documentário outro dos «mitos que vieram do salazarismo»: a ideia de que o colonialismo português era «um colonialismo bonzinho» quando na verdade era «igual ao dos outros países», refere.

Acabar com os mitos

Para o coronel Sousa e Castro a intenção de Joaquim Furtado em «dar a mesma dignidade informativa às duas partes em conflito: movimentos de libertação e Estado Novo» é meritória. «Se for assim, estaremos perante o primeiro trabalho sério, de carácter informativo e de âmbito nacional, capaz de ajudar a enterrar os mitos que prolongaram para além do razoável o último império colonial europeu».

O coronel Morais e Silva, que fez duas comissões em Angola e Guiné como voluntário, por seu lado, viu o programa da RTP «com muita amargura», mas recorda que, «naquele tempo, a solução era aquela, era defender as províncias ultramarinas».

«A nossa opinião, a dos que viveram a guerra, nunca será igual à dos outros. Eu tenho uma visão mais desapaixonada. A circunstância de nela ter participado deu-me tranquilidade no juízo que faço. Para mim, a guerra já passou», afirma.

A série documental A Guerra, concebida e realizada por Joaquim Furtado, recupera imagens de arquivo da RTP, muitas delas inéditas, e exibe depoimentos de militares portugueses, colonos e combatentes dos movimentos de libertação das colónias portuguesas.

O documentário, de nove epísódios, estreou-se ontem à noite na RTP.

helena.pereira@sol.pt

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Ultramar

Série documental «A Guerra» estreia terça-feira na RTP1 com novos dados sobre guerra colonial

A série documental A Guerra, realizada por Joaquim Furtado sobre o período da guerra colonial - que estreia terça-feira na RTP1 - vai revelar «muita informação nova sobre factos dados hoje como estabelecidos», segundo o jornalista


O documentário, que percorre de forma cronológica 13 anos de conflitos nas antigas colónias portuguesas, resulta de uma «pesquisa bastante aprofundada com recurso a muitas fontes para dar uma visão global dos acontecimentos», explicou Joaquim Furtado.

«Traz novas informações, novas visões sobre algumas verdades oficiais», disse, apontando como exemplos os acontecimentos logo no início da guerra em Angola, e o episódio que ficou conhecido como o Massacre de Mueda, em Moçambique, onde morreram centenas de pessoas.

Ao longo de oito anos, viu mais de seis mil filmes, oriundos, nomeadamente, dos arquivos da RTP, dos serviços de audiovisuais do Exército, muitos arquivos particulares e realizou cerca de 200 entrevistas a protagonistas dos vários lados do conflito.

Sublinhou que, apesar de existir um enquadramento histórico do trabalho, a perspectiva da obra é a de um jornalista: «O meu objectivo é poder dar um contributo para os historiadores tratarem este período», assinalou.

«É essencialmente um visão global com as perspectivas de quem viveu este período chamando-lhe guerra colonial, guerra no Ultramar ou guerra da libertação», destrinçou, sobre os vários protagonistas envolvidos.

Jornalista do Rádio Clube Português na época, em pleno estúdio leu o célebre Comunicado das Forças Armadas, pouco depois da rádio ter sido ocupada pelos militares revoltosos que puseram fim ao regime com a Revolução de 1974.

Mais tarde viria a entrar para a RTP, e nos anos 80 começou a pensar neste projecto, mas foi adiado por várias vezes, regressando a ele só depois de ter saído da estação pública de televisão, em 1998, quando se demitiu da direcção.

Quando teve finalmente disponibilidade para o retomar encontrou mais material do que esperava, em milhares de filmes, 500 horas de gravações, que suscitaram entrevistas a algumas pessoas que foi identificando nas imagens.

O autor disse à Lusa que os primeiros nove episódios, com cerca de uma hora cada, vão ser exibidos na RTP1 até ao final do ano, e está já em fase de produção uma segunda série para exibir em 2008.

Sobre outros projectos, comentou que A Guerra ainda irá absorvê-lo durante algum tempo, mas admitiu que pretende fazer outros documentários.

A série A Guerra será exibida terça-feira às 21h no canal 1 da RTP, após o telejornal.

Lusa / SOL



Antevisão da série da RTP
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A guerra colonial de Furtado
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Estreia esta noite o mais ambicioso documentário televisivo já realizado sobre a guerra colonial portuguesa. O crítico de televisão do SOL viu o primeiro episódio da série que levou quase uma década a realizar - um registo feito de imagens poderosas e depoimentos inéditos, que começa há 46 anos


No dia 15 de Março de 1961, o norte de Angola assistiu a um massacre cruel. Revoltosos da União das Populações de Angola (a UPA, que mais tarde daria origem à FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola), liderados por Holden Roberto, à catanada, ceifaram centenas de vida.

Estava ateado o rastilho para a guerra que iria durar 13 anos. Uma data fatídica que é o tema do primeiro episódio de Guerra Colonial, com estreia marcada para logo à noite (terça-feira, 16 de Outubro), na RTP1, depois do Telejornal.

Uma série documental da autoria de Joaquim Furtado sobre a luta armada entre Portugal e as colónias que sonhavam com a libertação.

O trabalho de Furtado começa com uma conversa entre Amadu Embaló, comandante do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) em 1974, e Fernando Peixinho Cristo, à época Capitão Miliciano.

Ambos recordam uma emboscada no norte da Guiné Bissau no dia 27 de Abril de 1974, uma batalha que «simboliza o último acto de uma guerra que começara em 1961».

Findo esse encontro entre ex-adversários de armas, Furtado recua mais de uma década, até ao dia em que a UPA semeou o terror no norte de Angola.

As imagens de arquivo que ilustram a matança de 15 de Março são chocantes. Terrivelmente reais. Corpos esventrados que jazem num chão de terra.

Documentos visuais chocantes, mas ao mesmo tempo preciosos em valor histórico e enquadrados com mestria e sensibilidade por Joaquim Furtado.

O documentário da RTP1 conta com inestimáveis depoimentos de combatentes e figuras que fizeram a guerra. De ambos os lados. Brancos e negros. Testemunhos ainda vivos que relembram as mortes em África.

Álvaro Silva Tavares, governador-geral de Angola em 1960 e 1961; Holden Roberto, presidente da UPA em 1961; Adriano Moreira, ministro do Ultramar em 1961 e 1962; general Almeida Bruno, tenente em 1961, são apenas algumas das entrevistas utilizadas neste primeiro episódio.

Mas muitas outras com combatentes, comerciantes e jornalistas ilustram o início da guerra. Por vezes fala-se da morte com a naturalidade de quem matou porque tinha de matar.

É o caso de José Mateus Lelo, activista da UPA, que explica que «se a catana não matava à primeira repetia-se duas e três vezes». Por vezes contextualiza-se. Interpreta-se.

Recorda-se com o precioso auxílio de imagens de Angola colonial, da Lisboa salazarista, de depoimentos oficiais de então, de reportagens da época, de sons da Emissora Nacional.

Tudo ao mesmo tempo que mapas surgem no ecrã e permitem a localização geográfica das palavras e das descrições.

Perto das 21h00 será possível visionar este episódio de estreia Guerra Colonial. O primeiro de uma primeira temporada de nove. A segunda chegará em Março de 2008 e cobrirá o período entre 1964 - quando a guerra se instala nas três frentes (Angola, Moçambique e Guiné Bissau) até Abril de 1974.

«« Venha a guerra »»


jose.fialho@sol.pt

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Venha a guerra

Tendo já visto os dois primeiros episódios do trabalho de Joaquim Furtado sobre a Guerra Colonial, que se estreia na RTP1 na próxima terça-feira, é possível dizer que se trata de um documento histórico da máxima importância e de uma série de altíssima qualidade. Feito com base em mais de 200 entrevistas realizadas pelo próprio Joaquim Furtado e em imagens de arquivo por vezes chocantes, Guerra Colonial surge no tempo certo. Por um lado, a distância de mais de 40 anos em relação ao início do conflito permite um distanciamento que torna as análises mais objectivas e menos apaixonadas. Por outro, grande parte dos protagonistas ainda estão vivos – ou estavam quando foram recolhidos os testemunhos, caso de Holden Roberto –, o que permite que a História seja contada na primeira pessoa, tornando-a mais viva, quase em directo.

O décor dos depoimentos é simples: um fundo liso que elimina qualquer ruído que pudesse existir e que nos direcciona para o essencial, o discurso. A iluminação prende-nos o olhar ao rosto dos protagonistas e cria, por vezes, sombras que aumentam a intensidade dramática. O plano de filmagem – sobre o lado esquerdo do ecrã ou sobre o lado direito – muda consoante a posição que cada entrevistado assumiu na época do conflito. Apenas três depoimentos fogem desta estética, os de Kaúlza de Arriaga, Costa Gomes e Daniel, pois não foram recolhidos para este trabalho.

Guerra Colonial contribui de forma decisiva para a História recente de Portugal. Joaquim Furtado, mostra que os cabelos brancos e a memória são trunfos que a televisão, os jornais e a rádio não podem desperdiçar. Guerra Colonial tem a marca do grande jornalismo, que precisa de tempo e não se coaduna com o imediatismo do dia-a-dia.

Publicação: Saturday, October 13, 2007 8:00 AM por JoseFialhoGouveia

Audiências
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Documentário da RTP bateu SIC e TVI
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Mais de um milhão e duzentos mil espectadores viram ontem à noite a estreia de A Guerra. O documentário de Joaquim Furtado alcançou 32,9 de share, ficando à frente dos programas de entretenimento da concorrência

A estreia do documentário da RTP sobre a guerra colonial, ontem à noite, foi o programa mais visto no mesmo horário.

A Guerra, realizado por Joaquim Furtado, registou um share de 32,9 e uma audiência média de 13,6, segundo os dados divulgados pela Marktest.

Estes valores significam que cerca de 1 milhão e 286 mil portugueses viram o primeiro episódio da série produzida pela RTP.

À mesma hora, a SIC exibiu o programa Super Malucos do Riso, e a TVI pôs no ar Os Batanetes, seguido do reality show Casamento de Sonho.

manuel.a.magalhaes@sol.pt

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(Alguns) Comentários


Tuesday, October 16, 2007 7:43 PM by aocontrariodepenelope

# re: Venha a guerra

Não sei se os comentários vão fazer qualquer referência às guerras civis depois da Independência e à imposição de ditaduras, talvez mais cruéis do que o salazarismo!

E à perseguição de todos aqueles que colaboraram( ou acusados de tal...) com o Estado Português, como aconteceu, por ex., na Guiné!

E aos largos milhares de mortos do pós independência!!!

( Não se reabriu o Tarrafal?)

Wednesday, October 17, 2007 1:21 AM by victorsierra

# re: Venha a guerra

Vi o primeiro episódio de «A Guerra», na TV 1. Achei um trabalho realista. Penso que aqui ficou patente que não restava a Portugal, independentemente do que poderia ou não ter sido feito antes, outra saída senão a do «Para Angola, rapidamente e em força!».

Estive lá como combatente, desde Dez 62 a Fev 65. E, por isso, sei bem que não era uma guerra do povo angolano, mas de guerrilheiros a soldo estrangeiro. Cumpria-se ali uma estratégia comunismo sino-soviético, na execução de planos de décadas, em competição com a apetência do imperialismo americano.

É certo que a guerra de Angola veio impulsionar o desenvolvimento daquele território... Paradoxalmente, todas as guerras, se trazem consigo muita desgraça, também implicam um esforço de desenvolvimento que repercute para além do fim das mesmas.

A revolução portuguesa pós-«25 de Abril» foi o retrocesso desse desenvolvimento e da própria História.

Parabéns ao Ten-cor Pilav Brandão Ferreira por ter tido, no último «prós e contras» da RTP, a coragem de falar alto a voz do bom senso e da razão. Homem lúcido, patriota, militar integro, que não vendeu a sua alma de Português ao diabo. (Parabéns também pelo que escreveu numa revista militar sobre outro patriota meu amigo, há meses falecido, e Português de fibra dura: o «Bomba H» - de seu nome, Barbosa Henriques). Há por aí muitos outros que estiveram na guerra, até foram comandos, e se calhar dos «flechas da pide», combatendo com todos os exageros que uma guerra destas arrasta, mas que hoje se mostram anjos, amantes da paz (deles) e admiradores da descolonização «exemplar» que mais destruição e prejuízo causou que a própria guerra chamada «colonial». Uma tragédia, sim, afirmou-o Melo Antunes pouco tempo antes do seu passamento.

E é verdade que o «25 de Abril», libertador, não ocorreu por comiseração com os povos colonizados, mas sim por uma questão corporativa, de classe, de «casta».

Honremos os que caíram em defesa da sua Pátria, brancos, pretos e mestiços, e não esqueçamos, particularmente, os que ainda estão vivos, como nesse belo programa de Fátima Ferreira, bem clamava aquele sargento comando da Guiné, em desassombrado depoimento.

O Salazar já morreu, deixem-no em paz! Não se procure alijar para o seu cadáver os complexos individuais de culpa de que muitos agora querem libertar-se.

Wednesday, October 17, 2007 2:03 AM by AlfredoRamosAnciaes

# re: Venha a guerra

Também andei no teatro de guerra, no Norte de Moçambique. Vim voluntariamente de França, onde trabalhava, para o serviço militar. Calhou-me a mobilização para aquele Território. Claro que custou e muito. Ainda hoje sofro de um ouvido, creio que foi do rebentamento de uma mina anti-carro. Eu ía sentado muito próximo do sítio do rebentamento.

Vim para a tropa e depois para a guera persuadido que vinha ao chamado da Pátria. Nunca até ali, mesmo em França, ouvira falar de qualquer posição anti-guerra, ou anti-colonial, ou de colonização no sentido negativo, nem positivo. A Pátria chamou-me e eu vim. Foi este o sentido e o sentimento com que me apresentei.

Todos os Portugueses mobilizáveis que eu conheci em França, não vieram por comodidade ou por medo. Não estou a criticar. Eu medo também tinha, mas se não me apresentasse achava que estava a traír a Pátria e não estava a ser solidário em relação aos que já andavem em campo de batalha.

Hoje temos outros pontos de vista. Temos de evoluir. Vendo bem, também Portugal teve de conquistar a sua independência. O mal foi a independência não ter sido feita para todos os que residiam nos Territórios. Os que mais contribuiram para a sua evolução não puderam ali continuar as suas vidas. Tiveram de deixar os seus bens. Foi uma iniquidade e um prejuizo enorme para todos os que lá ficaram.

Quanto a Portugal, debateu-se para preservar o território. Sabemos que nenhuma colonização foi igual à dos Portugueses. Nenhuma teve a mesma miscegenação, nenhuma esteve com o mesmo espírito dos Portugueses que, geralmente, íam e adoptavam a terra como sendo para sempre. Há literatura sobre isso, desde há muito tempo e escrita por não-portugueses.

Portugal fez muito mais pelos territórios onde esteve do que geralmente se pensa. Só o facto de ter preservado o território e fronteiras já foi uma missão e serviço impagável.

Depois há a lingua e cultura, duas outras valências sem preço. E não é preciso dizer mais. Por ironia das coisas, foi exactamente nos anos da guerra que mais se desenvolveram os territórios por onde os Portugueses passaram. Devia tê-lo sido antes. Sim devia, mas não foi.

Aproveitem agora a Lusofonia e a Interculturalidade, valências da maior riqueza.

Um grande abraço lusófono.

Alfredo Ramos Anciães (ex-1º Cabo da Companhia C. Cac 3465.

Fred.

Wednesday, October 17, 2007 2:11 AM by AlfredoRamosAnciaes

# re: Venha a guerra

dO VITOR SIERRA

"E é verdade que o «25 de Abril», libertador, não ocorreu por comiseração com os povos colonizados, mas sim por uma questão corporativa, de classe, de «casta».

Honremos os que caíram em defesa da sua Pátria, brancos, pretos e mestiços, e não esqueçamos, particularmente, os que ainda estão vivos, como nesse belo programa de Fátima Ferreira, bem clamava aquele sargento comando da Guiné, em desassombrado depoimento.

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SUBSCRITO

Dopinheiro

Comentários
Não queria, mas não resisto: então O Portugal de Abril colocou-se de joelhos ante a pressão das Potências? Na ONU? Finaciamentos à guerrilha? Bem, meu caro, então reconheça "só falta, numa das novas Praças do Parque das Nações, mas que nome!, em Lisboa, erguer-se uma Estátua ao professor Oliveira Salazar, que, pelo que o penúltimo comentador diz, terá resistido, durante 13 anos, ao apetite devorador dessas mesmas Potências"! Dito isto, e com o devido respeito à opinião emitida, estamos apenas em Fórum democrático, é o que toda agente sabia! Quanto à "Memória Adiada" de "Desencantado", isto deve ser um "mal genético", não? repare, caro Amigo, uma andorinha não faz a Primavera, e a verdade é que Portugal posiciona-se sempre para fazer o "jogo estratégico das potências"! Veja-se a posição do país nos últimos desenvolvimentos consequentes dos anfiteatros diplomáticos relacionados com o Médio Oriente e com a União Europeia! Vai ver e, ..., a coisa terá começado em S. Mamede, quando da rebelião de D.Afonso Henriques...! Foi esse "não" quase categórico que naqueles 13 anos tanto irritaram a América, nisso estou de acordo! pois se o Ditador até se terá negado a receber em Lisboa o Presidente da... Coca-Cola! Atentamente,... e cumprimentos democráticos! Rochinha
Há anos, escrevi um trabalho académico a que chamei "A Memória Adiada" sobre a esponja que ao longo dos anos foi passada pela guerra que durou 13 anos e envolveu mais de um milhão de portugueses... Era como se nada se tivesse passado... Finalmente, alguém ousou fazê-lo. Só merece o nosso aplauso e, porque não assumir?, o nosso reconhecimento.
Já agora, que uma "certa esquerda" parece ser a culpada do que se passou, lembremos o "papel" do americanos e outros aliados de Portugal que EXIGIRAM, em plena ONU, que Portugal descolonizasse o mais rápido possivel. Convem recordar que quem financiou a UPA não foram paises de Leste, mas sim paises Ocidentais. Os de Leste vieram a seguir, ajudar à festa. Os abutres são assim: quando um encontra uma vítima os outros juntão-se ao repasto. A culpa foi de Salazar e companhia,que ficaram cegos, surdos e mudos e não prepararão as independências, quando tiveram tempo para o fazer e foi necessário "cairem de maduros" para que o problema se resolvesse. Mal, como se sabe!
Muito bem, senhor Vítor Serra. Desde o 25 de Abril que uma certa esquerda quiz fazer dos portugueses os «maus da fita», enquanto os guerrilheiros sempre foram apresentados como uns inocentes anjinhos. Definitivamente, isso é falso. A FRELIMO, o MPLA, o PAIGC etc eram movimentos armados e financiados pela União Soviética e pela China, no âmbito da chamada «guerra fria» e, no poder, fizeram retroceder muitos anos os territórios onde, durante séculos, flutuou a bandeira portuguesa. Por outras palavras: Samora Machel e Agostinho Neto, por exemplo, foram tenebrosos ditadores que nada ficaram a dever a Robert Mugabe, o mesmo que agora está proíbido de entrar na UE.
Vi e gostei do 1º. episódio da série "A Guerra" de Joaquim Furtado.

Portugal tem demorado a fazer uma recolha das opiniões dos intervenientes das guerras de África. Esta será a primeira grande reportagem. Outras se seguirão certamente.

Penso que as notícias e opiniões que nos foram transmitidas desde o 25 de Abril foram da esquerda portuguesa ligada aos movimentos da guerrilha. Há certamente outro modo, mais isento, de análise.

Vamos aguardar os próximos episódios e ver quais as referências ao movimento corporativo dos capitães que originou o final da guerra.

Manuel Peralta





Não poderia estar mais de acordo com asua perspectiva, Vitorsierra!Saudações! Este país, o Nosso país, precisa de repensar-se...!
Vi o primeiro episódio de «A Guerra», no primeiro canal da RTP. Achei um trabalho realista, embora as declarações de Holden Roberto estejam repassadas de hipocrisia. Penso, contudo, que ficou patente que não restava a Portugal - independentemente do que poderia ou não poderia ter sido feito antes - outra saída senão a do «Para Angola, rapidamente e em força!». Estive lá como combatente, desde Dez 62 a Fev 65. E, por isso, sei bem que não era uma guerra de libertação do povo angolano, mas de guerrilheiros a soldo estrangeiro. Cumpria-se ali mais uma fase da estratégia do comunismo sino-soviético, na execução de planos de décadas, em competição com a apetência do imperialismo americano: «Vencer o Ocidente através da perda da África». É certo que a guerra de Angola veio impulsionar o desenvolvimento daquele território... Paradoxalmente, todas as guerras, se trazem consigo muita desgraça, também implicam um esforço de desenvolvimento que repercute na sociedade para além do fim das mesmas. A revolução portuguesa, especialmente a seguir ao golpe de estado de «25 de Abril», foi o retrocesso desse desenvolvimento e da própria História. Há por aí muitos outros camaradas meus que estiveram na guerra, até foram comandos, e, se calhar, dos «flechas da pide»..., combatendo com todos os exageros que uma guerra destas arrasta, mas que hoje se mostram «anjos», «pombas» amantes da paz (deles) e admiradores da descolonização «exemplar» que mais destruição e prejuízo causou que a própria guerra chamada «colonial». Uma tragédia, sim, afirmou-o Melo Antunes pouco tempo antes do seu passamento. Disse-o Fátima Campos Ferreira, no último «Prós e Contras», e eu próprio ouvi e registei na memória essas palavras da entrevista, e me lembro do rosto constrangido de Melo Antunes ao proferir essa resposta tão profunda de sentido. E é verdade que o «25 de Abril», libertador, não ocorreu por comiseração com os povos colonizados, mas sim por uma questão corporativa, de uma classe, de uma «casta». Honremos os que caíram em defesa da sua Pátria, brancos, pretos e mestiços, militares ou civis, e não esqueçamos, particularmente, os que ainda estão vivos, como nesse mesmo belo programa de Fátima Ferreira, bem clamava aquele sargento comando da Guiné, em desassombrado depoimento.

O Salazar morreu. Marcelo Caetano morreu. Deixem-nos em paz! Não se procure alijar para as suas tumbas os complexos individuais de culpa de que muitos agora querem libertar-se.

Víctor Sierra
Não vi o início do documentário à Guerra Colonial de Joaquim Furtado, jornalista com provas dadas a vários níveis, e se primou pelo esforço de objectividade só vem reforçar a admiração que muitos portugueses, de várias gerações, têm pelo seu trabalho!

Porém permita-se-me um pequeno comentário às reacções dos Militares, como noticia esta edição on line de " O Sol"! É que, por vezes, ao ouvir tais militares, com o devido respeito, obviamente, ou outros que, noutras vezes, por eles parecem pronunciar-se, até parece que os Militares, dito de outro modo, as Forças Armadas, apenas cumpriram ordens durante a vigência do Estado Novo!

Ora o que sucede, e a História registará, é que as Forças Armadas Portuguesas, tutelaram as diversas formas do regime republicano, desde o Golpe de 05 de Outubro de 1910, que acabou por redundar na "Implantação da República" até à Revisão Constitucional de 1982, a qual consagrou, e bem, a extinção do Conselho da Revolução, Órgão não-eleito e, portanto, sem legitimidade democrática, e a consequente submissão do Poder Militar ao Poder Político democrático! E aí há que reconhecer o papel e a visão de políticos como Mário Soares e Sá Carneiro, entre muitos outros!

Antes, bem antes, claro que Salazar teve as suas responsabilidades! Não era ele o Ditador querido pelos Militares, já em 1928, para proceder ao saneamento das finanças públicas, entre outras coisas? Não foi o Presidente Carmona que aceitou as condições impostas por Salazar quando abraçou a pasta das Finanças? Não foi o mesmo Presidente Carmona, entretanto feito Marechal, que haveria de consagrar o Estado Novo? Que se saiba, parece que o Ditador até, de qundo em vez, convidava o Presidente da República a Presidir ao Conselho de Ministros! É que se se quer contextualizar, e acho muito bem que assim se proceda, então contextualize-se tudo, e o Sr. Coronel Vasco Lourenço sabe muito bem disso! É que a Guerra, Sr. Coronel, não caiu do Céu!

Cumprimentos Democráticos,

Miguel.




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