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A carta foi escrita em 1954, um ano antes da morte de Einstein, em resposta ao livro de Gutkind, Escolha a vida: O chamado bíblico para a revolta (em tradução livre), e passou os últimos 50 anos nas mãos de um colecionador particular.
Nesta quinta-feira (15), o documento será leiloado pela casa de leilões Bloomsbury Auctions, em Londres. A expectativa é que ela alcance entre 6 mil e 8 mil libras (de R$ 20 mil a R$ 30 mil).
"A palavra Deus para mim é nada mais que a expressão e produto da fraqueza humana, a Bíblia é uma coleção de lendas honradas, mas ainda assim primitivas, que são bastante infantis", escreve Einstein que, apesar de judeu, freqüentou uma escola católica na infância.
O cientista, que recebia aulas particulares de judaísmo em casa, declinou o convite do então recém-formado Estado de Israel para ser o segundo presidente do país. Na carta, ele rebate a crença de que os judeus seriam o "povo escolhido".
"Para mim, a religião judaica, como todas as outras, é a encarnação de algumas das superstições mais infantis. E o povo judeu, ao qual tenho o prazer de pertencer e com cuja mentalidade tenho grande afinidade, não tem qualquer diferença de qualidade para mim em relação aos outros povos."
"Até onde vai minha experiência, eles não são melhores que nenhum outro grupo de humanos, apesar de estarem protegidos dos piores cânceres por falta de poder. Mas além disso, não consigo ver nada de 'escolhido' sobre eles".
A carta levanta nova polêmica sobre as crenças religiosas de Einstein já que, em declarações anteriores, o cientista havia dado a entender que acreditava, ou pelo menos queria acreditar, na existência de Deus.
Segundo o jornal britânico The Guardian, a carta e seu conteúdo eram desconhecidos por alguns dos principais biógrafos do cientista.
O conteúdo da carta difere de declarações anteriores de Einstein, que, segundo historiadores, nunca havia deixado muito clara a sua visão sobre a religião. Nessa seara, o físico era mais lembrado pela frase "A ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega".
Historiadores não costumam retratar Einstein como ateu, mas a imagem pode mudar com a publicação da carta. Sua visão sobre Deus era tida apenas como não-clerical ("Não creio no Deus da teologia que recompensa o bem e pune o mal").
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