Assunto: | SOLIDÃO |
---|---|
Data: | 3/Abr 21:24 |
QUE ESTA SOLIDÃO NÃO TENHA O PODER DE TATUAR EM MIM A TRISTEZA. QUE AS ANDORINHAS VENHAM POUSAR NO BEIRAL DA JANELA, LEMBRANDO-ME QUE TROUXERAM A PRIMAVERA. E QUE ESSA NOTÍCIA ME FAÇA SORRIR. E QUE ME LEVE AO ARMÁRIO PARA PROCURAR AQUELE VESTIDO FLORIDO COM QUE EU IA DANÇAR. E QUE A RECORDAÇÃO DESSAS DANÇAS NÃO ME FAÇAM DOER O CORAÇÃO. E QUE DAÍ PARA CÁ TENHA ENCONTRADO ALGO QUE SUBSTITUA A MÚSICA, QUE ENTRE IGUALMENTE NAS VEIAS E ME FAÇA VIBRAR COMO CORDA DE VIOLINO. E QUE SE PERDI ALGUÉM NO CAMINHO, EM MIM CRESÇA A ESPERANÇA DE VOLTAREI A ESTAR JUNTO, E RIR, E BEIJAR, E ACREDITAR QUE A VIDA PULSA, VIBRANTE, NA PALMA DA MINHA MÃO. E QUE ACREDITE QUE PARA SEMPRE SERÁ ASSIM. E QUE O MEU OLHAR DE CRIANÇA SE ASSOMBRE PERANTE O BRILHO DO AZUL DO CÉU, A FRESCURA DO VERDE DAS ÁGUAS E A FORÇA QUE EMANA DO VERMELHO DA FLÔR. E QUE GUARDE EM MIM TUDO ISTO E MAIS AINDA - A BELEZA, A ESPERANÇA, A VOZ DO MAR, O BRILHO DAQUELA ESTRELA QUE É SÓ MINHA E NINGUÉM O SABE, O SABOR DE UM PASTEL DE NATA, O SOM DA MINHA GARGALHADA, A SUAVE SENSAÇÃO DA CERTEZA DE UM MUNDO MELHOR. QUE FAÇA CADA COISA COM PAIXÃO, COM ENTREGA TOTAL E DE TAL FORMA, QUE EU PASSE A SER A SOMA DE TUDO, E A PALAVRA SOLIDÃO NÃO SEJA MAIS DO QUE ISSO, UMA SIMPLES PALAVRA QUE SE SENTA A MEU LADO MAS NÃO CONSEGUE ENSOMBRAR MEU CORAÇÃO... EM ANEXO UM BEIJO!
.
Distribuído por Moranguinho Pereira (hi5)
.
. POEMA DO ALEGRE DESESPERO . . Compreende-se que lá para o ano três mil e tal ninguém se lembre de certo Fernão barbudo que plantava couves em Oliveira do Hospital, ou da minha virtuosa tia-avó Maria das Dores que tirou um retrato toda vestida de veludo sentada num canapé junto de um vaso com flores. Compreende-se. E até mesmo que já ninguém se lembre que houve três impérios no Egipto (o Alto Império, o Médio Império e o Baixo Império) com muitos faraós, todos a caminharem de lado e a fazerem tudo de perfil, e o Estrabão, o Artaxerpes, e o Xenofonte, e o Heraclito, e o desfiladeiro das Termópilas, e a mulher do Péricles, e a retirada dos dez mil, e os reis de barbas encaracoladas que eram senhores de muitas terras, que conquistavam o Lácio e perdiam o Épiro, e conquistavam o Épiro e perdiam o Lácio, e passavam a vida inteira a fazer guerras, e quando batiam com o pé no chão faziam tremer todo o palácio, e o resto tudo por aí fora, e a Guerra dos Cem Anos, e a Invencível Armada, e as campanhas de Napoleão, e a bomba de hidrogénio, e os poemas de António Gedeão. Compreende-se. Mais império menos império, mais faraó menos faraó, será tudo um vastíssimo cemitério, cacos, cinzas e pó. Compreende-se. Lá para o ano três mil e tal. E o nosso sofrimento para que serviu afinal? .
.
ANTÓNIO GEDEÃO |
Textos e Obras Daqui e Dali, mais ou menos conhecidos ------ Nada do que é humano me é estranho (Terêncio)
domingo, 4 de abril de 2010
Poema do alegre desespero - António Gedeão
Etiquetas:
António Gedeão,
Moranguinho Pereira,
Poesia
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário