Os votos e os ladrões assinalados Que do nordeste agreste transmontano Por artifícios nunca d'antes perpetrados Passaram inda além das trafulhices, Sem perigos e guerras esforçados De quem vive a política na gandaia E da gente humilde fanaram A massa com que tanto enriqueceram; E também as memórias ingloriosas Daqueles sem vergonha que se foram apossando Com engodo e fraude do poder alternativo Que do norte ao sul andaram mentindo, E aqueles que por obras viciosas Se vão da lei sempre cagando, Cantando espalharei por toda a parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. Cassem do vernáculo e da gramática Os erros nos discursos que fizeram; Cale-se de Machado e de Queirós Os textos sublimes que escreveram; Que eu canto o peito ilustre Socritano, A quem ministros e secretários obedeceram. Cesse tudo o que o PS antigo canta, Que outro PS apequenado se alevanta. Deste ócio parlamentar sem mais temores, Alcança os que são de fama amigos Milhares de “boys” e graus maiores; Encostando-se sempre nos amigos Companheiros de rambóia e assessores; Foram anos dourados, entre os finos Lençóis de fio egípcio, puros linhos; Se esta gente que busca Ministério. Cuja valia e obras tanto acusaste, Não queres que padeçam vitupério, Como há já tanto tempo que ordenaste, E ouças mais, pois não és juiz de direito, Dar razões a quem sucede que é suspeito. Passando ao largo o vento acalma Mas não duraria muito a calmaria Eis que um falso amigo denuncia Que um certo Freeport e seus adelos Trazem malas cheias de al$gria Mês a mês, com acertada pontaria, Pontualidade de antemão agradecida Pelos súbditos que dançavam a quadrilha. Entre gentes tão fiéis e tão medrosas, Mostra quanto pode; e com razão, É tão fácil entre ovelhas ser leão. Sabe bem o que o um certo Vara arquitectou, E de tudo o que viu com olho atento, Negou e negando assim ficou, Até mesmo quando outro companheiro Numa REN foi apanhado com dinheiro. São uns malandros, explicou. Mas, com risonho e ledo fingimento, Tratá-los duramente determina, Pois assim engana o povo, imagina. Mas não lhe sucedeu como cuidava. Eis que aparecem logo em companhia Uns comparsas que frequentavam aquela assembleia, que de bordel em nada parecia. Corrupto já lhe chamam os inimigos, Danoso e mau ao fraco corpo humano E, além disso, nenhum contentamento, Que sequer da esperança fosse engano. Mas vê-se bem, num e noutro bando, Partido desigual e dissonante São muitos contra muitos; quando a gente Começa a alvoroçar-se totalmente. «Viram todos o rosto aonde havia a causa principal do reboliço: entra em cena um caseiro, que trazia o testemunho sincero do serviço que as damas ali prestavam para tão selecta companhia, e onde fortunas repartiam. Não perguntava, mas sabia As alegres badaladas que ali via. É um suceder de ventos malcheirosos. Denuncia a imprensa dos maldosos que o divino comandava um corpore activo não explicando à roda solta a gastança com uns cartões em prol da segurança da coroa e do cetro SO-lalante. São rubis, esmeraldas, diamantes, em luzentes assentos bem cuidados, estofados à conta do erário. Outros serviçais todos assentados na Nação e no Simplex concertavam desculpas para os fulanos que acusavam fazendo coro com os sociais democratas que gritavam. (Precedem os antigos, mais honrados, Mais abaixo os menores se assentavam); Quando o divino alto, assim dizendo, com tom de voz começa grave e horrendo: - «Eternos moradores do luzente, Estelífero Pólo e claro Assento: sou o grande valor pros crédulos e inocentes, de mim não perdeis o pensamento, deveis de ter sabido claramente como é dos fatos grandes certo intento que por ela se esqueçam os humanos Varas, Felgueiras, Gregos e Romanos" Mas em particular o esperto mui sabia, que mentir o faz mais elegante, Vereis como sorria e escarnecia, Quando das artes bélicas, diante Dele, com larga voz tratava e mentia. Para a disciplina militar ali prestante: "-não se aprende, senhores, na fantasia, sonhando, imaginando ou estudando, senão vendo, cochichando e armando".. Mas eis que fala falso, mas alto e rude, da boca dos pequenos sabia, contudo, que o louvor sai às vezes acabado. "Tem-me falta na vida honesto estudo, com longa malandragem misturado, E engenho, que aqui vereis presente, cousas que juntas se acham raramente". "Para servir-vos, braço às armas feito, Para cantar-vos, minto às Musas dada; Só me falece ser a vós aceito, De quem virtude deve ser prezada". "Se isto o Céu concede, e o vosso peito Oh dígna empresa, dígno empreiteiro, com a ladroagem mente e vaticina olhando a sua substituta assaz divina, as más, as ladras, as serpentuosas Medusas, agora a seu lado, na falsidade inclusa": "faça vista grossa para temas nauseantes". "Falaram-lhe até que uma tal de Hipotenuza e sua amiga uma tal de Geometria acusam-no de comportamento ultrajante"! "Não as conheço, nunca ouvi falar, como saber e conhecer não é meu forte, dos amigos acuados não me afasto, me aproximo, somos vinhos da mesma pipa, e subestimo, aqueles que intentam me acusar. O tempo passa, tudo há de se abafar!" "Com a minha estimada e leda Musa que me inspira o engodo e a farra plena, apanágio do malandro e do farsante, passeio pelo país com o Magalhães, dando “rebuçados”, passando adiante, da fome e da miséria com a minha errante metamorfose ambulante..." |
Textos e Obras Daqui e Dali, mais ou menos conhecidos ------ Nada do que é humano me é estranho (Terêncio)
domingo, 18 de abril de 2010
Os Socríadas - autor modestamenta anónimo
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Os Socríadas,
Poesia,
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