sábado, 24 de abril de 2010

Soneto - José Régio


 
   (Em  memória de Aurélio Cunha Bengala )
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Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo  parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também  faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! -  por seu ofício
Receber, a bem dele... e da  nação.

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JOSÉ  RÉGIO     Soneto  (quase inédito), escrito em 1969 no dia de uma reunião  de antigos alunos.

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Tão  actual em 1969, como hoje.. depois ainda dizem que a  tradição não é o que era!!!
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Distribuído por António Viegas - sex 23-04-2010 10:36
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