domingo, 27 de dezembro de 2009

Cadernos de Literatura Brasileira: Mario Quintana


Digestivo nº 434 >>> Cadernos de Literatura Brasileira: Mario Quintana
Depois de completar mais de dez anos, passando por autores clássicos como Machado de Assis e Guimarães Rosa, contemporâneos como Ferreira Gullar e Millôr Fernandes, fora outros grandes dos séculos XIX e XX, como Euclides da Cunha e João Cabral de Melo Neto, os Cadernos de Literatura Brasileira, do Instituto Moreira Salles, acabam de lançar sua 25ª edição, inteira dedicada a Mario Quintana (1906-1994), talvez o poeta brasileiro mais popular dos 1900s. Embora não seja tão considerado quanto Drummond, mesmo Cabral ou Bandeira, sem contar Cecília Meireles, Murilo Mendes e Jorge de Lima, a obra de Quintana é de “rara legibilidade”, nas palavras da “folha de rosto” do seu Caderno, “expandindo a recepção da poesia entre o grande público”. No mesmo volume, Luis Fernando Verissimo conta que Quintana, amigo de seu pai, quando no Rio de Janeiro, gostava de entrar em túneis, “para descansar da paisagem”. E Lya Luft relembra “seu jeito de ogro”, sempre “meio paternal”. Os melhores momentos, contudo, ficam por conta das declarações do próprio Quintana, compiladas a partir de entrevistas. Quem sabe, à classificação de “ogro”, ele tivesse respondido assim: “Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?”. Sobre seu isolamento folclórico, tendo residido em hotéis no final da vida, possivelmente justificaria: “A poesia é flor do deserto, cresce na solidão”. E, ainda que se desnudasse com muita franqueza, provavelmente teria abominado a ascensão das chamadas “celebridades” (literárias, inclusive): “Toda confissão não transfigurada pela arte é uma falta de linha, uma presunção. O que é que os outros têm a ver com isso?”. Terminando por explicar seu método epífano: “Tenho uma certa tendência a me evadir, mas sempre faço um esforço por manter-me na terra – como um balão cativo”. Além de uma “geografia pessoal”, com belas fotos da sua Porto Alegre e do seu Alegrete, o Caderno se completa com uma boa seleção de manuscritos e inéditos.
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Mario Quintana

Cadernos De Literatura Brasileira, 25

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Sinopse

Este volume traz uma série de textos, depoimentos, fotografias e análises que têm como objetivo explicar um dos enigmas do cenário cultural brasileiro - por trás de uma imagem de modéstia pessoal e de simplicidade estética que consagrou a popularidade de Quintana, existe uma obra de decifração complexa. O poeta assimilou dois tópicos da poesia moderna em geral e modernista em particular - o tema cidade e uma linguagem contaminada pela fala comum. Na seção 'Confluências', o leitor encontrará depoimentos de pessoas que conviveram com o escritor ou que tiveram proximidade pela leitura de seus textos. No plano documental, em 'Manuscritos e inéditos' esboços, documentos e um texto desconhecido de Quintana - o aforismo-manifesto 'Do individual e do universal', que se comunica com outros fragmentos do poeta. Em 'Geografia pessoal', o fotógrafo Edu Simões registra os contrastes entre a Alegrete provinciana e uma Porto Alegre cuja passagem encontra no hotel em que viveu o poeta - hoje transformado na Casa de Cultura Mario Quintana.
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http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=2865065
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