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Digestivo nº 315 >>> No Largo do Paço Das homenagens prestadas aos 100 anos do vôo do 14-bis, uma das melhores, e mais criativas, foi a de Spacca, também endereçada a Santos Dumont, no álbum Santô, lançamento da Cia. das Letras em 2005. Parece que na esteira do sucesso dessa realização, fruto de anos de pesquisa histórica do próprio Spacca – embora seja uma “simples” HQ –, a editora lançou, em 2006, Debret em Viagem Histórica e Quadrinesca ao Brasil. Debret, como todo mundo sabe (ou deveria saber), produziu uma das mais ricas iconografias sobre o Brasil do século XIX. Primo e discípulo de Jean-Louis David, o célebre pintor neoclássico, Debret se viu desamparado, com a queda de Napoleão III, e a mudança de ventos políticos na França, quando recebeu um convite para fundar uma Escola de Belas Artes no Rio. Mudou o rumo das artes brasileiras e mudou, inclusive, a maneira como o próprio Brasil era visto no Europa (e se via a si próprio). (Para quem tiver ainda dúvida, a editora Capivara registra isso muito bem num catálogo portentoso...) Spacca, em seu Debret atual, conta um pouco dessa saga, de 15 anos no Brasil, mesmo que de forma mais breve, e menos profunda, se compararmos com o seu quase perfil de Santos Dumont. Ainda que tenha produzido incansavelmente, como um Balzac dos pincéis, Debret não teve seu caminho facilitado no Rio e, como parte da chamada missão francesa, teve muitos dos seus desejos frustrados ou postergados, como a Escola de Belas Artes (que permanece até hoje mas que demorou a se concretizar). O álbum de Spacca, de certa forma, evoca uma seção de seu próprio site em que ele, como cartunista, homenageava mestres do traço. Para a geração conectada da virada do século, que mal conhece a representação de seu País em pintura, Spacca e a Cia. das Letras estariam prestando um enorme serviço se seguissem por essa trilha agora aberta. >>> Debret em Viagem Histórica e Quadrinesca ao Brasil |
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