quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Uma pequenina luz - Jorge de Sena

.
"Uma pequenina luz
Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando
no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumiè
rejust a little light
una picolla... em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exactaque bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza

.
Silenciosa não crepitanão consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
.

Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não: brilha.
 
.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
Brilha." 
.
.
Enviado por José Pereira (hi5) - 22/Dez 1:37
.
.

1 comentário:

karlmarkx disse...

Não está completo, este poema... está truncado.