Digestivo nº 355 >>> O Mundo é Mágico, por Bill Watterson
Calvin e Haroldo voltaram aos holofotes com o documentário que atualmente se prepara sobre seu criador, Bill Watterson. Calvin, além de personagem insubordinado, é um daqueles casos em que a criatura se volta contra o criador — ficou tão famoso, foi tão bem-sucedido, se consagrou tanto que Watterson não suportou a pressão e se isolou. Seu comportamento eremita tem evocado a comparação com J.D. Salinger, cujo sucesso de O Apanhador no Campo de Centeio se revelou tão incômodo que ele se isolou no campo. Correm boatos de que continua escrevendo e de que suas obras vão aparecer quando morrer (já tem mais de oitenta anos). E Watterson, o que andará fazendo? Reza a lenda que suas tentativas de fazer Calvin crescer foram todas frustradas. Como não queria se repetir ad nauseam — à maneira dos Simpsons ou do Dilbert —, abandonou sua criação. Quem quiser entender o fenômeno — ou simplesmente matar as saudades da dupla Calvin & Haroldo — têm à mão, desde o ano passado, o álbum O Mundo é Mágico, pela editora Conrad. Nele, Calvin antecipa algumas tendências que, dos anos 90 pra cá, se tornaram lugar-comum no comportamento das crianças: o horror à escola (cada vez mais desinteressante); o potencial insuspeitado para o consumo (no caso dele, de lança-chamas e outros bibelôs); e um certo amadurecimento precoce à la Mafalda (numa época em que as crianças não estão mais "preservadas"). E, por mais que Watterson não quisesse na ficção, seu Calvin cresceu junto com a sua geração, a chamada "Millennial", dos que nasceram depois da internet. São melhores ou são piores do que nós? Como vão deixar o planeta e a sociedade? Talvez o documentário, só com fãs de Calvin, possa ter a resposta.
>>> O Mundo é Mágico
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