segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O General - José Gomes Ferreira

Assunto: ESTE POVO QUE É MEU...
Data: 6/Dez 16:30
QUE UM DIA TUDO MUDE E O VENTO SOPRE SUAVEMENTE DOCES BRISAS DE UM FUTURO RISONHO E SEGURO, QUE ALASTRE A TODOS OS HOMENS, MULHERES E CRIANÇAS....SOBRETUDO ÁS CRIANÇAS. QUE SE OUÇAM AS NOTÍCIAS PARA SABER O QUE DE BOM SE PASSOU NESTE NOSSO MUNDO. QUE OS JARDINS ESTEJAM SEMPRE APINHADOS DE PESSOAS OLHANDO A BELEZA DAS FLORES E ERGUENDO O ROSTO PARA OS RAIOS DE SOL. QUE O SORRISO SEJA PERMANENTEMENTE USADO PARA TODOS, NÃO SÓ PARA OS QUE CONHECEMOS ... QUE A ALEGRIA SEJA UMA BANDEIRA DEBRUÇADA NAS JANELAS, DESFRALDADA NOS CARROS, EMPUNHADA POR TODAS AS MÃOS...AINDA SE LEMBRAM?...E QUE ESPERANÇA SEJA O OUTRO NOME DESTE POVO ONDE EU MORO...SEMPRE!EM ANEXO UM BEIJO!
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Distribuído por Moranguinho Pereira (hi5)
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O GENERAL

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"Depois de fortemente bombardeada, a cidade X foi ocupada pelas nossas tropas.")
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O general entrou na cidade

ao som de cornetas e tambores ...
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Mas por que não há "vivas"

nem flores?
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Onde está a multidão

para o aplaudir, em filas na rua?
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E este silêncio

Caiu de alguma cidade da Lua?
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Só mortos por toda a parte.
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Mortos nas árvores e nas telhas,
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nas pedras e nas grades,

nos muros e nos canos ...

Mortos a enfeitarem as varandas

de colchas sangrentas

com franjas de mãos ...
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Mortos nas goteiras.

Mortos nas nuvens.

Mortos no Sol.
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E prédios cobertos de mortos.

E o céu forrado de pele de mortos.

E o universo todo a desabar cadáveres.
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Mortos, mortos, mortos, mortos ...
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Eh! levantai-vos das sarjetas

e vinde aplaudir o general

que entrou agora mesmo na cidade,

ao som de tambores e de cornetas!
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Levantai-vos!

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É preciso continuar a fingir vida,

E, para multidão, para dar palmas,

até os mortos servem,

sem o peso das almas.
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JOSÉ GOMES FERREIRA
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