Sr. Pinto Filipe, do Rio de Janeiro,
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Sinceramente a figura de Salazar não me atormenta. Como eu disse, para mim não faz a menor diferença que o entronem num altar ou até que o endeusem. Cada um acredita no que quer acreditar. Quando se acusa os críticos de rebaterem sempre as mesmas críticas não reparam que os apoiantes usam sempre os mesmos e rebatidos argumentos, as mesmas comparações. Portanto, já é um assunto desgastado. O que resta, e isso terá que ser feito algum dia, é a análise histórica correcta dessa figura, da forma mais isenta possível, porque só assim poderemos alguma vez chegar perto da verdade. Para uns, foi um facínora, um criminoso; para outros foi um grande homem, um grande estadista. Cada um puxa a braza à sua sardinha e, desta forma, não se chega a lugar nenhum.
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Só voltei ao assunto porque foi lançado aqui um repto para a sua canonização ou beatificação. Claro que foi um sucesso do Sr. Casimiro, pois houve logo respostas imediatas, algumas, pasme-se, a apoiarem a ideia da sua canonização.
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Não condeno a sua governação nos anos vinte, trinta e quarenta, necessária para a reabilitação financeira do país. Mas já não posso concordar com a posição autista que tomou quando se tratou do Ultramar e do isolamento internacional em que lançou o país. Acho sinceramente que perdeu a oportunidade de se tornar uma das figuras ímpares da História de Portugal, quando não se abriu ao sistema democrático após o término da 2ª Grande Guerra. Os outros fizeram-no, não tiveram medo dos comunistas, e evoluiram rapidamente. Nós parámos no tempo.
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Com amizade,
Manuel O. Pina
in PortugalClub
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