Quinta-feira, Fevereiro 21, 2008
"Condenem-me, não importa. A história me absolverá".
Fidel Castro anuncia que não será Presidente do Conselho de Estado
"Condenem-me, não importa. A história me absolverá".
Ao reler a frase do líder cubano (dita em 1953) é perceptível que na luta contra o poder da mídia e o imperialismo ela ainda reflete a verdade sobre a jornada desempenhada através do seu percurso.
O líder de Cuba, aos 81 anos de idade, se retirou deixando em seu lugar seu irmão e Ministro da Defesa, Raul Castro de 76 anos, embasado pelo artigo 94 da Constituição – sobre a substituição em caso de morte, doença ou ausência do titular. Após quase 19 meses de convalescença de uma grave doença e cinco dias de sessão do parlamento, em que ele deveria ser candidato à reeleição para um mandato presidencial de cinco anos, Fidel anunciou a renúncia em caráter provisório .
Conforme publicação da agência Reuters, nesta terça-feira, os pré-candidatos à Presidência dos Estados Unidos já estão se adiantando e defendendo que o governo cubano instale um regime "democrático" no país ao escolher seu sucessor.
Já o presidente norte-americano, George W. Bush intensificou o embargo contra Cuba e rejeitou a possibilidade de reduzir as sanções sem que haja um processo de transição rumo à "democracia" (como a que inserem no Iraque). Este embargo afirma que os norte-americanos não podem gastar dinheiro em Cuba e quem violar pode ser punido com prisões ou multas. Na verdade, trata-se de uma nova investida no sentido de burlar o direito internacional e impor, mesmo que a força, um regime conveniente ao imperialismo na pequena ilha caribenha.
Juventude Socialista :
No site da Juventude Rebelde de Cuba encontra-se o seguinte trecho:
"Em sua mensagem ao povo de Cuba, Fidel explica sem dramatismo que trairia a sua consciência ocupar uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total e que não está em condições físicas de oferecer. Esclarece que não se trata de uma despedida e mostra seu desejo em continuar combatendo como um "soldado das idéias".
Para Marcelo Brito, presidente da UJS, “a renúncia de Fidel é mais um sinal de lucidez do líder:“Cuba vive já quase 50 anos desde sua revolução. O legado deixado ao longo desse meio século de mudanças profundas, tanto na estrutura do país, na prioridade do governo e especialmente, na vida do povo, não se destruirá com a saída de seu Comandante. Pelo contrário, a afirmação da opção socialista é cotidiana e se fortalece a cada dia, apesar das inúmeras tentativas do vizinho de cima, inimigo dos povos. Fidel e o heroísmo de Cuba ajudaram a pintar o cenário dessa América Latina do século XXI: mais colorida e unida, representando a maior expressão da luta antiimperialista.”
Algumas grandes vitórias :
- Quando os revolucionários desfilaram pelas ruas de Havana, em janeiro de 1959, foram festejados por interromperem uma ditadura corrupta e repressiva que durava quase sete anos;
- O ditador Fulgencio Batista, presidente deposto, recebia comissões financeiras dos EUA para comercializar o açúcar da Ilha Caribenha;
- Nos primeiros meses de governo revolucionário aconteceram algumas medidas radicais, como a reforma urbana, a reforma agrária e a estatização das empresas;
- Após os EUA perderem o "açúcar cubano" a URSS passaram a comprar cotas fixas e fornecer petróleo a preços mais baixos, além de outros auxílios econômicos;
- Podia faltar cosméticos e bens de consumo, mas a miséria, o analfabetismo e as favelas foram praticamente erradicadas;
- Educação, saúde e emprego são praticamente impecáveis no país, apesar do grave bloqueio econômico.
Fidel continuará escrevendo no jornal Granma, mas sua coluna "Reflexões do comandante-chefe" passará a se chamar "Reflexões do companheiro Fidel". Veja abaixo a íntegra da carta de renúncia do líder cubano:
"Prometi a vocês na sexta-feira, 15 de fevereiro, que na próxima reflexão abordaria um tema de interesse para muitos compatriotas. A mesma adquire desta vez a forma de mensagem. Chegou o momento de postular e escolher o Conselho de Estado, seu presidente, vice-presidentes e secretário.
Desempenhei o honroso cargo de presidente ao longo de muitos anos. Em 15 de fevereiro de 1976 foi aprovada a Constituição Socialista por voto livre, direto e secreto de mais de 95% dos eleitores. A primeira Assembléia Nacional foi constituída em 2 de dezembro daquele ano e elegeu o Conselho de Estado e sua Presidência. Antes, tinha exercido o cargo de primeiro-ministro durante quase 18 anos. Sempre dispus das prerrogativas necessárias para levar adiante a obra revolucionária com o apoio da imensa maioria do povo. Sabendo de meu estado grave de saúde, muitos no exterior pensavam que a renúncia provisória ao cargo de presidente do Conselho de Estado, que deixei nas mãos do primeiro-vice-presidente, Raúl Castro Ruz, em 31 de julho de 2006, fosse definitiva. O próprio Raúl, que adicionalmente ocupa o cargo de Ministro das FAR (Forças Armadas Revolucionárias) por méritos pessoais, e os demais companheiros da direção do partido e do Estado foram resistentes a me considerarem afastado dos meus cargos, apesar do meu estado precário de saúde. Minha posição era incômoda frente a um adversário que fez tudo o imaginável para se desfazer de mim e ao qual não queria agradá-lo. Mais adiante, pude recuperar o controle total da minha mente, a leitura e meditar muito, devido ao repouso. Tinha forças físicas suficientes para escrever por longas horas, o que fazia durante a reabilitação e os programas de recuperação. Um elementar bom senso me indicava que essa atividade estava a meu alcance.
Por outro lado, sempre me preocupei, ao falar da minha saúde, em evitar ilusões de que, no caso de um agravamento do quadro adverso, trariam notícias traumáticas a nosso povo no meio da batalha. Prepará-lo para minha ausência, psicológica e politicamente, era minha primeira obrigação após tantos anos de luta. Nunca deixei de destacar que se tratava de uma recuperação 'não isenta de riscos'. Meu desejo sempre foi cumprir o dever até o último momento. É o que posso oferecer. A meus compatriotas, que fizeram a imensa honra de me eleger recentemente como membro do Parlamento, em cujo âmbito devem ser adotados acordos importantes para o destino de nossa Revolução, comunico a vocês que não aspirarei nem aceitarei - repito - não aspirarei nem aceitarei o cargo de Presidente do Conselho de Estado e Comandante-em-Chefe. Em breves cartas dirigidas a Randy Alonso, diretor do programa 'Mesa Redonda' da televisão nacional, que foram divulgadas por minha solicitação, foi incluídos discretamente elementos da mensagem que hoje escrevo, e nem sequer o destinatário das mensagens conhecia meu propósito. Confiei em Randy porque o conheci bem quando ele era estudante universitário de Jornalismo, e me reunia quase todas as semanas com os principais representantes dos alunos, que já eram conhecidos como o coração do país, na biblioteca da ampla casa de Kohly, onde se abrigavam. Hoje, todo o país é uma imensa universidade".
Parágrafos selecionados da carta enviada a Randy em 17 de dezembro de 2007:
"Minha mais profunda convicção é de que as respostas aos problemas atuais da sociedade cubana - que possui uma média educacional próxima de 12 graus, quase um milhão de pessoas com ensino superior completo e a possibilidade real de estudo para seus cidadãos sem nenhuma discriminação - requerem mais soluções para cada problema concreto do que as contidas em um tabuleiro de xadrez. Nenhum detalhe pode ser ignorado, e não se trata de um caminho fácil, se é que a inteligência do ser humano em uma sociedade revolucionária prevalece sobre seus instintos. Meu dever elementar não é me perpetuar em cargos, ou impedir a passagem de pessoas mais jovens, mas fornecer experiências e idéias cujo modesto valor provém da época excepcional que pude viver. Penso como (Oscar) Niemeyer que é preciso ser conseqüente até o final".
Carta de 8 de janeiro de 2008:
"Sou decididamente partidário do voto unido (um princípio que preserva o mérito ignorado). Foi o que nos permitiu evitar as tendências de copiar o que vinha dos países do antigo bloco socialista, entre elas a figura de um candidato único, tão solitário e ao mesmo tempo tão solidário com Cuba. Respeito muito aquela primeira tentativa de construir o socialismo, graças à qual pudemos continuar o caminho escolhido.
Tinha muito presente que toda a glória do mundo cabe em um grão de milho. Portanto, trairia minha consciência ocupar uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total que não estou em condições físicas de oferecer. Explico sem dramas. Felizmente nosso processo conta ainda com quadros da velha-guarda, junto a outros que eram muito jovens quando começou a primeira etapa da Revolução. Alguns quase crianças se incorporaram aos combatentes das montanhas e depois, com seu heroísmo e suas missões internacionalistas, encheram de glória o país. Contam com autoridade e experiência para garantir a substituição. Dispõe igualmente nosso processo da geração intermediária que aprendeu conosco os elementos da complexa e quase inacessível arte de organizar e dirigir uma revolução.
O caminho sempre será difícil e exigirá o esforço inteligente de todos. Desconfio dos caminhos aparentemente fáceis da apologética, ou da autoflagelação como antítese. É preciso se preparar sempre para a pior das hipóteses. Ser tão prudentes no êxito quanto firmes na adversidade é um princípio que não pode ser esquecido. O adversário a derrotar é extremamente forte, mas o mantivemos longe durante meio século. Não me despeço de vocês. Desejo apenas lutar como um soldado das idéias. Continuarei a escrever sob o título 'Reflexões do companheiro Fidel'. Será mais uma arma do arsenal com o qual se poderá contar. Talvez minha voz seja ouvida. Serei cuidadoso".
Fontes: Agências de Notícias
Fontes: Agências de Notícias
www.granma.cu
www.juventuderebelde.cu
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