30-09-2007
COMBATES DA MEMÓRIA ( 12 )
Completam-se hoje precisamente 42 anos sobre o golpe de Estado desencadeado na Indonésia pelo General Suharto (à esquerda, em foto da época) contra o regime do Presidente Sukarno, a pretexto de resposta a um golpe de Estado que estaria em preparação pelo PKI (Partido Comunista da Indonésia, com um milhão e meio de membros nessa altura) e que nunca foi provado ou demonstrado.
Mais do que a perda de poder de Sukarno que, em Abril do ano seguinte, foi obrigado a transferi-lo para Suharto, o que mais dramaticamente marca o dia 30 de Setembro de 1965 é o ínicio de um dos maiores massacres da segunda metade do século XX. Com efeito, durante os três meses finais de 1965 e durante o ano de 1966, perante um generalizado silêncio e indiferença internacional, as forças do Exército e as milicias para-militares GAP-Gestapu assassinaram entre meio milhão a um milhão de comunistas, sendo outras centenas de milhar de indonésios condenados a longas penas de cadeia, bastando assinalar que, quando a ditadura de Suharto terminou em 1998, milhares de indonésios ainda se encontravam presos em relação com os acontecimentos de Setembro-Outubro de 1965.
Tal como acontece com a «luz verde» dada por Gerald Ford e Henry Kissinger à invasão de Timor-Leste em 1975 (ver aqui), The National Security Archive da George Washington University tem online vastíssima documentação oficial comprovando a implicação da Administração norte-americana, designadamente do Presidente Lyndon Johnson e do Secretário de Estado Dean Rusk (fotos à esquerda) no golpe de Estado de Suharto, envolvendo aspectos que vão desde a entrega pelo embaixador norte-americano Green de 50 milihões de rupias ao GAP-Gestapu (ver aqui) até ao fornecimento pela Embaixada norte-americana de listas de dirigentes e quadros do Partido Comunista da Indónésia ao Exército indonésio (ver aqui).
. Esta estranha terra, Fabulosa Jacarta, Solilóquio mudo e A rapariga de Java, todos na Quetzal.
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