sábado, 9 de fevereiro de 2008

EUA apoiaram invasão de Timor-Leste





O dia 7 de Dezembro de 1975 marca o início do período mais dramático da história de Timor-Leste, com mais de 200 mil pessoas assassinadas durante a ocupação
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EUA apoiaram invasão de Timor-Leste

A invasão sangrenta de Timor-Leste em 1975 pela Indonésia foi feita com a conivência dos EUA, envolvendo o então presidente Gerard Ford, o secretário de Estado, Henry Kissinger, e Elias Suharto.

As provas que confirmam inequivocamente o apoio norte-americano ao regime de Elias Suharto na invasão de Timor-Leste, em Dezembro de 1975, surgiram em documentos até agora secretos, publicados sexta-feira pelo Arquivo Nacional de Segurança da Universidade de George Washington.

Há 26 anos, o presidente Ford e Kissinger efectuaram uma breve paragem na capital indonésia, no regresso de uma viagem à China, durante a qual abordaram o tema com Suharto. Conhecedores dos planos para invadir Timor-Leste e conscientes de que a invasão era legalmente problemática (em parte pela utilização indonésia de equipamentos militar norte-americano que o Congresso tinha aprovado apenas para autodefesa), Ford e Kissinger quiseram assegurar-se que Suharto só passaria à acção depois de ambos terem regressado aos Estados Unidos.

Henry Kissinger negou sempre a ocorrência de qualquer abordagem mais profunda sobre o caso de Timor-Leste durante o encontro com Suharto, mas, os documentos agora desclassificados do Departamento de Estado confirma que o assunto foi discutido.

Desde então, o regime de Suharto desintegrou-se e Timor-Leste conseguiu a sua independência. Nos quase 25 anos de ocupação terão morrido mais de 200 mil timorenses.

Mesmo após o referendo, a Indonésia tentou impor-se através das milícias armadas. Só depois de uma forte pressão internacional é que os EUA alteraram a sua posição perante a Indonésia. O então presidente Bill Clinton acabou por anunciar o seu repúdio perante a violência e retirou apoio financeiro e militar ao governo de Suharto.

Indonésia, bastião anticomunista

Na Primavera anterior, o Vietname, o Camboja e o Laos tinham tinha-se tornado países socialistas. Ford e Kissinger viram a Indonésia como um considerável bastião anti-comunista na região. Os detalhes da conversa, divulgados pelos Arquivos de Segurança Nacional, mostram também a preocupação dos dois países com as insurreições comunistas na Malásia e na Tailândia. Durante a conversa, Suharto mudou, subitamente, o decurso da mesma para Timor-Leste.

Portugal tinha acabado de abandonar o território, após uma colonização de 400 anos, e um grupo de inspiração marxista, a Fretilin, acabara de declarar a independência unilateralmente, a 28 de Novembro.

«A Fretilin, tal como o exército português, está contaminada pelo comunismo», afirmou Suharto aos visitantes, acrescentando: «Queremos que entendam, caso tomemos uma acção rápida ou drástica». Ford respondeu que compreendia e adiantou: «Não os pressionamos sobre o assunto. Entendemos que os problemas e as intenções que têm».

Kissinger lembrou a Suharto que a utilização de material fornecido pelos Estados Unidos na invasão «podia criar problemas», mas indicou que talvez pudessem «construir» a invasão na perspectiva da auto-defesa.

Durante os anos que se seguiram à «anexação» de Timor-Leste, Ford, Kissinger e até o presidente Nixon trataram de «abafar» o assunto. Recorde-se que a Indonésia sempre foi uma aliada importante dos EUA a nível económico e político.

«Avante!» Nº 1463 - 13.Dezembro.2001

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