* António Jorge
Um conto cruel feito por uma mulher,
médica argentina, sobre como desapareceram os negros na Argentina…
- E que tanto quanto sei… no
essencial, bate certo com a história real!
Parte II do texto hoje publicado com
o titulo:
- O Mundial do Catar, e o catar da
história… o preconceito e o racismo
Á medida que eu, ia assistindo a um
jogo de futebol pela TV, entre a Argentina e a Islândia, e que eu… ainda hoje,
me pergunto, porque não havia jogadores negros na equipa da Argentina, quando
as outras equipas sul-americanas todas tinham jogadores negros e outros
mestiços de africano, lembrei-me de uma conversa que tive no ano passado.
- Foi enquanto eu estava num cruzeiro
na Florida, às Ilhas Grand Cayman do Caribe, entre mim e uma médica argentina.
Conhecemo-nos durante um almoço no
barco, um certo dia e ficamos na conversa. Ficamos amigos e muito ligados para
sempre.
No convés do navio naquele dia, ela
manteve comigo uma conversa sobre como ela gosta gente da etnia africana… e que
gosta de viajar por esse motivo também. - Perguntei-lhe
então. "Vocês não têm negros na Argentina?" Ela respondeu-me e disse
sem reservas. "Não. Há muito tempo atrás, após a escravatura, matamos
todos eles." Eu fiquei surpreso.
Ela sorriu… E continuou. É uma
história muito ruim. Estou com vergonha do meu povo. Foi de facto muito
sistemático o extermínio deles. Muito bem elaborado. Primeiro foi forçar a
maioria dos homens para lutarem pela Argentina contra o Paraguai. Eles
conscientemente enviaram-nos para as batalhas que eram mal planeadas e mal
armados intencionalmente, para que o exército paraguaio fizesse deles o que
eles não poderiam fazer por razões obvias:
- Matar os negros em massa. A maioria deles morreu lá na guerra. Os
restantes deles foram forçados a viver numa província atingida por uma praga.
Uma doença que o governo se recusou a
combater para que esta também pudesse fazer por eles… o que eles não poderiam
fazer, Matar os negros.
A Argentina recusou-se a montar
hospitais, clínicas e abrigos condignos, e mesmo dar os alimentos.
Recriaram o melhor ambiente para a
doença se propagar. Está doença matou o resto dos homens que sobreviveram à
guerra. Quanto mais escuro você é, maior era a chance de ser enviado a esse
lugar para morar ou para morrer na guerra. As mulheres de tez mais clara eram
forçadas a dormir com o homens brancos, para que seus filhos fossem mestiços, e
depois estes forçados, quando adultos, a dormirem com homens brancos, de modo a
que os os traços da pele negra das crianças se tornassem cada vez mais branca,
até que não fossem mais visíveis quaisquer sinais de origem de negritude. Foi
tão ruim que os negros fugiram para o Chile, Peru, Bolívia e Brasil e até mesmo
para o Paraguai onde eram melhor tratados… Pelo menos aqueles não os queriam
matar e aceitavam-nos e davam-lhes proteção, trabalho e um meio de sustento.
Com efeito, no Chile, havia uma
cidade chamada, Arica onde os negros eram aceites e respeitados, e que, no ano
1700 dois negros, homens livres, um feles chamado Anzuréz, foram eleitos
prefeitos. Mas os colonos brancos vindos de Espanha, seis meses mais tarde…
anularam as eleições. Eles temiam que outras cidades dessem aos negros os
mesmos direitos. - Mas os negros que tinham encontrado protecção não
reclamavam, mandavam mensagens para os outros fugirem da Argentina e virem
juntar-se com eles… o que era ou representava o cancelar eleições em comparação
com a morte certa?
"Em seguida… a senhora argentina
e médica, ficou em silêncio, como se a tentar reproduzir novamente a magnitude
dos crimes guardados em sua mente. De seguida, ela continuou num tom
sombrio." os argentinos não só matavam através da guerra ou das doenças,
pelo estupro e a violação… forçavam os
negros à fuga do país… e foi assim que
se livraram dos negros.
"Ouvi com atenção e tristeza.
Ela continuou de forma académica" Embora a escravatura tenha sido abolida
em 1815 na Argentina, continuou até 1853, depois do qual a principal
preocupação dos líderes foi como se livrarem dos escravos negros e seus
descendentes.
- “O nosso presidente que governou de
1868 a 1874, Domingos Faustino Sarmiento, escreveu em seu Diário em 1848, este
foi muito antes de ele ter-se tornado presidente e quando a escravidão
terminou, que nos Estados Unidos ... 4 milhões são pretos, e dentro de 20 anos
serão 8 milhões .... O que deve ser feito com tais negros, odiados pela raça
branca?"
Isto mostra como ele já estava
pensando, como eliminar os negros antes de se tornar presidente… e, quando ele
se tornou presidente, ele conseguiu. "o mundo não disse alguma coisa?
" Não… nada - Eles ignoraram.
Tenho a certeza que a maioria deles
queria fazer a mesma coisa que foi feita na Argentina, mas falharam.
Naquele tempo, eles admiravam-nos.
Lembro-me quando eu fui para o Brasil quando ainda criança, o amigo do meu pai
a dizer com desgosto, como ele olhava para os pretos brasileiros - Nós
deveria-mos ter a vossa coragem e extermina-los a todos eles.
Façam um Brasil branco como o fez a
Argentina. "E os europeus? "Ela riu."
Isto é um segredo, assim como o Rei
Leopoldo da Bélgica e seu genocídio de muitos milhões de africanos no denominado
Congo Belga… atual Congo.
Ninguém fala sobre ele, e os seus
crimes bárbaros, mas eles sabem sobre isso. Pelo menos os mais velhos sabem. Os
mais jovens não tanto. Por que você acha que quase todos os nazis da Alemanha,
correram para a Argentina após a 2ª. Guerra Mundial?
"Eu permaneci calado. Ela
continuou." Porque este era o local perfeito para o mais atroz dos
racistas viver. "Então ela olhou para o infinito do mar azul ao redor do
navio e suspirou audivelmente.
Importante:
- Da mesma forma do Brasil, a
Argentina passou pelo mesmo processo de escravidão. O país foi povoado por
negros oriundos do continente africano,
tanto que, em meados de 1780, a sua participação chegou a ser de 50% da população e agora em 2012, passou em
menos de 200 anos, para cerca de 3%.
Depois dos Estados Unidos, que foi a
ex. colónia da Inglaterra, a que mais emigrantes europeus recebeu, foi a
Argentina, então colónia espanhola, a segunda colónia a receber mais emigrantes
europeus, nomeadamente espanhóis e argentinos.
2022 12 20 - António Jorge - editor
Porto e Luanda
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