segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Sempre bem-vinda, Maria Papoila II

Capitel árabe, Santarém, NOV2003, © António Baeta Oliveira


Maria Silvestre deixou um novo comentário na sua mensagem "Mértola - na rota islâmica (2)":

OS VIAJANTES da noite murmuram o teu nome
E as areias do deserto derramam sobre quem te pisa
O perfume do almíscar.
E na formosura da invocação sabemos da beleza do invocado
Como pelo verdor das margens se pressente o rio.

(Não nasceu em Mértlola, mas é um dos maiores poetas do Al-Andaluz. Desculpa se é a despropósito, não resisti comentar.)

IBN SARA



Sexta-feira, Dezembro 12, 2003

Ibn Sara, de Santarém
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Da minha viagem a Santarém, quero mostrar-vos ainda o belo capitel, do século XII, de que falava em A Xantarim e a Ibn Bassam.A ideia foi-me suscitada pela contemporaneidade e semelhança temática do poema de Ibn al-Milh, de Silves, que aqui transcrevi no passado dia 3 de Dezembro, e o poema que pretendo transcrever hoje, de:bn Sara, de Santarém (séc. XII)
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A Brisa e a Chuva
Buscas consolo no sopro do vento?
Em sua aragem há perfume e almíscar
Que até ti vem, ataviado de aromas,
Fiel mensageiro da tua doce amada.
ar prova os trajes das nuvens
E escolhe um manto negro.
Uma nuvem prenhe de chuva
Acena ao jardim, saúda-o
Vertendo lágrimas nas risonhas flores.
A Terra apressa a nuvem
Para que lhe acabe o manto.
E a nuvem com uma mão

Entretece fios da chuva
E com a outra vai-o enfeitando
Com um bordado a flores.
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ALVES, Adalberto
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O meu coração é árabe
Assírio & Alvim, Lisboa 1987
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posted by António Baeta 00:27
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Quarta-feira, Dezembro 03, 2003


Ibn Al-Milh, de Silves

  • Ibn al-Milh (*)

    O JARDIM brinca com a brisa
    Que, dir-se-ia, ser sua emissária
    No chamamento à festa da alvorada.

    Está ébrio, preso de seus ternos ramos,
    E quando os doces pássaros o cantam
    Ele vai repetindo essa canção.

    Não faltam flores, estratégicos espias
    com seus olhos vigiando namorados.
    E se destacam na folhagem verde
    como luz brilhando sobre as trevas.

ALVES, Adalberto
O meu coração é árabe
Assírio & Alvim, Lisboa 1987

(*) Ibn al-Milh viveu em Silves no período da taifa dos abádidas, na sequência da queda do califado omíada. Filho de um poeta da corte de Al-Mu'tadid (pai de Al-Mu'tamid), teve sempre grande apego à sua Silves natal, nunca a trocando pela vida palaciana de Sevilha, apesar das insistências de Ibn 'Ammar.
(Nota do apostador)
posted by António Baeta 00:08
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